Turma Formadores Certform 66

Thursday, August 24, 2017

À memória da Tuxa

Três anos passaram e parece que foi ontem que a Tuxa nos deixou. (Ela foi a mãe adotiva do Nicolau). Abandonada numa urbanização em frente à casa onde vivíamos, por ali andou cerca de dois meses, até que um dia decidimos levá-la para casa. Porque a deixamos andar por ali tanto tempo? Porque já tínhamos uma outra cadela em casa e vivíamos num prédio. E nos prédios nem sempre é fácil ter animais. Mas ela lá veio. Doente de várias maleitas, lá a fomos tratando. Ela, apesar de chorar sempre que sabia que íamos fazer o tratamento, ia aceitando. Aos poucos melhorou. Mesmo assim, demorou um ano. Tornou-se uma cadela muito bonita, forte e determinada. Resistente como o aço. Uma guerreira. Adotou o Nicolau com o carinho duma mãe extremosa. Aceitava-lhe todas as brincadeiras, mesmo as mais agressivas - o Nicolau sempre abusou muito dela - mas ela, com a sua paciência maternal, lá lhe perdoava tudo. Acabou por ter uma morte muito desagradável, com cancro mamário e um tumor na vista que a cegou dum dos olhos. Mas ela continuava. Depois de os veterinários lhe terem dado não mais do que dois meses de vida, ela ainda durou mais dois anos. Sempre forte e determinada, mesmo na doença. Um domingo ela pareceu mais frágil. Estávamos no jardim e ela, a muito custo desceu as escadas e veio para a nossa beira. Quis ir para um sítio no relvado onde tanto gostava de estar. Ali expiraria horas depois. O Nicolau assistiu a tudo. No dia seguinte viu ela ser sepultado nesse mesmo espaço onde foi feliz. Durante meses, o Nicolau mal se levantava, ia numa espécie de romagem à sua sepultura. Por ali ficava pensativo, farejando. Por vezes, deitava-se ali algum tempo. Depois foi-se libertando aos poucos. Talvez dela já nem tenha memória. Mas essa memória perdurará sempre na nossa vida e no nosso coração. Nunca te esqueceremos como não esqueceremos todos os outros que tanta alegria trouxeram à nossa vida. Descansa em paz, Tuxa!

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