Supernanny! Não gostam? Mas deviam...
Mais um episódio da "Supernanny" foi para o ar no meio de toda a polémica. Não sou dos que gostam deste tipo de programas e só a muita agitação nos media me levou a ir ver do que se tratava. Confesso que depois de visualizar o primeiro episódio, não percebo a polémica em torno do programa, a não ser por um puritanismo serôdio, ou então, por alguma má consciência. Afinal aqueles meninos mimados, quezilentos, birrentos, não são mais do que o espelho dos seus educadores e, por extensão, da nossa sociedade. Já por diversas vezes aqui fiz eco da tremenda fragilidade educacional dos mais jovens, ao fim e ao cabo, o espelho dos seus progenitores. E não me venham dizer que o que fazem e dizem não é aprendido em casa mas na casa dum amigo, porque isso apenas denota facilitismo, para não dizer até, ignorância e má fé. A família é a escola primordial como gosto de lhe chamar, e será aí que tudo começa para o bem e para o mal. E como os seus pais, na esmagadora maioria dos casos, também não têm a educação que deviam, não saberão inculcar nos seus rebentos aquilo que nunca tiveram. É do mais básico e incontestável. Basta ver quando pais desautorizam professores, invadindo escolas e agredindo estes, dando azo a que os seus filhos se tornem naquilo que, aliás já são, gente mal educada. Para ilustrar isto até vos posso dizer que conheço um caso duma pessoa que no início de cada ano escolar, sempre que a sua filha muda de escola ou de professor, clama aos quatro ventos que há-de bater no(a) professor(a). Penso que já ninguém a leva a sério, mas são atitudes destas que dão mais força a comportamentos impróprios que assistimos nas nossas escolas. E confesso que até fiquei um pouco surpreendido quando ontem ouvia rádio numa estação de referência alguém afirmar que era contra este tipo de programas porque aqueles miúdos ficariam traumatizados pelo espetáculo, e seriam conhecidos no futuro, como os "birrentos da SIC". Confesso que fiquei triste com esta afirmação vinda de uma pessoa, figura pública que muito estimo, pela sua elevação e ampla cultura. Acho que são atitudes destas que, pela sua complacência, apenas servem para agravar a situação em vez de a minorar. E como "de pequenino é que se torce o pepino", e estes não são torcidos na idade adequada, é que estas crianças se transformam em jovens e continuam na senda da má criação em que sempre viveram e que os acompanhará pela vida fora. Basta ver um qualquer subproduto televisivo com o rótulo de "reality show" para perceberem o que quero dizer. E o ciclo continuará. Amanhã serão adultos com filhos que serão incapazes de educar devidamente porque educação foi aquilo que nunca tiveram, e o ciclo fechar-se-á e reproduzir-se-á assim pelos tempos. É visível as enormes distorções educacionais que muitos tentam comparar com imagens importadas do estrangeiro. Alguns que nunca pisaram certos países e que deles falam com "conhecimento profundo" pelas muitas viagens que fazem pelo Google. E assim vai a educação em Portugal, ou melhor a falta dela, a que as escolas não podem, na maioria dos casos, pôr fim. Porque logo um qualquer encarregado de "educação" se levantará de dedo em riste a vociferar a bílis que só demonstra a falta de educação que tem, aquela que ao fim e ao cabo, transmitiu aos seus filhos. Por isso, acho que devem ver e com atenção, a "Supernanny", porque isso só põe a nú a realidade de muita gente neste país e talvez até possa servir do ponto de vista pedagógico para fazer com que muitas famílias corrijam o tiro no que à educação dos seus filhos diz respeito.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home