Feliz Páscoa!
Estamos a caminhar ao longo da semana maior da liturgia cristã, a chamada Semana Santa, que culminará na Páscoa. Sempre que chego a esta altura muitas interrogações ocupam o meu intelecto. Desde logo a mais pungente que é a morte dum ser crucificado, a morte mais horrível que a imaginação humana concebeu. Mas essa morte dum inocente deveria ser a redenção do ser humano como de todos os seres viventes sobre a Terra. Mas não, esta data libertadora que clama pela vida, torna-se um símbolo de morte, sempre horrível, para muitos seres que partilham connosco a estrada da vida. E isso incomoda-me porque parece ser uma contradição, - mais uma -, tão típica do ser dito humano. Em nome da sua gula, em nome de alguns minutos de prazer gastronómico, são sacrificados inúmeros animais para que o ser humano possa celebrar uma data redentora onde a vida é amplamente celebrada. Contradições enormes em que caímos diariamente. Mas estas atitudes têm milhares de anos, o que não as torna tradição, - como alguns afirmam para aliviar as consciências -, mas demonstra que afinal o ser dito humano evoluiu muito pouco durante todo este tempo. E para aqueles que acham que tudo isto não tem sentido, recordo o Evangelho de Marcos, onde se diz que os animais foram os primeiros a ver e a celebrar a natividade de Jesus à mais de dois mil anos atrás. E, se mesmo assim, acham tudo isto natural, porque não reeditar as famosas lutas de gladiadores ou outras, como ver seres humanos serem trucidados por feras num qualquer circo, em nome do espetáculo humano. Era também uma tradição e foi-o por muitos tempo. Demasiado tempo. Então porque acabou? Porque não continuar com ela? Porque sacrificar animais inocentes que não entendem porque têm que enfrentar a morte horrível, - tal qual esse Homem enfrentou à dois mil anos -, pendurado numa cruz. Confesso que estas datas que são de festa para muita gente, me trazem sempre muita angústia quando penso em tudo isto. Será que a Humanidade só sabe celebrar festas onde haja sangue, agonia e morte, seja de seres seus semelhantes, seja de animais? Porque será que a nossa espécie é incapaz de viver o mistério da vida, é incapaz de caminhar lado a lado com outras espécies, sem as destruir ou aniquilar, sempre com a vã glória de mandar, de submeter, de esmagar? Nesta altura, (como em outras festividades do género), acabo sempre por não desfrutar delas porque um sentimento maior se me impõe. A vida deveria ser celebrada com a vida e não com a agonia e morte de outros seres. Mas é assim. Ainda é assim. Acredito que um dia será diferente. Mas por enquanto continuamos a viver do crime de tirar a vida a outros seres apenas e só em nome da gula a que muitos chamam... tradição! Maldita tradição que só nos conduz para o mal. É com este sentimento confuso e de coração apertado que vos desejo uma Feliz Páscoa. Se possível sem nenhum cadáver sobre a mesa porque só assim, a Páscoa se celebrará em plenitude. Boa Páscoa!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home