A cascata aos Santos Populares
Mais tarde do que o habitual, hoje foi o dia de fazer a habitual cascata para celebrar os Santos Populares. Esta também é uma viagem às minhas memórias mais profundas. Dum tempo bem diferente do de hoje, em que uma criança apenas tinha um brinquedo por ano, - que normalmente recebia no Natal -, e como tal, tentava conservá-lo o melhor possível porque só dali a um ano teria outro. Eu até nem fui dos mais prejudicados porque, de vez em quando, lá me davam outro. Mas era sempre quando entendiam ou podiam e não por desejo meu como acontece com as crianças nos nossos dias. E isto vem a propósito de uma situação que vou falando neste espaço mais amiúde e que tem a ver com as festividades a Nossa Senhora da Hora. A minha família materna era de lá e sempre havia a romagem a esta festa que na altura era uma festa grandiosa e que nada tem a ver com aquilo que se vê hoje. Nessa altura, sempre me compravam um boneco para colocar na cascata que daí a umas semanas o meu avô materno me fazia. E assim, lá foram crescendo os 'santos', (como então se dizia), para encher a cascata. Muitos se partiram ao longo dos anos, mas alguns ainda estão por aí a trazer-me memórias da minha infância. Estes bonecos que vêem na imagem, têm quase sessenta anos, com exceção de um ou dois. Ainda e sempre a educação de conservar e tratar bem aquilo que me davam porque não havia fartura para mais. Um hábito que ainda conservo - e que ficará comigo até ao fim - em torno de tudo aquilo que adquiro. Fui educado assim e assim permaneci. Por isso, esta modesta cascata (bem longe do esplendor de outrora) é o símbolo dos Santos Populares que se aproximam, mas é também um recuar no tempo já longínquo de menino e moço. E com esta recordação, também aquela dos meus ancestrais - os meus maiores como gosto de lhes chamar - e dum tempo outro que fizeram uma criança sentir-se feliz e viver num mundo de fantasia e de sonho. Por isso, lhes estou grato porque me fizeram crer num mundo melhor do que aquele com que mais tarde me vim a confrontar. Mas isso já são outras estórias. E aqui e agora, só me interessa reter estas memórias que me aquecem o coração.
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