Turma Formadores Certform 66

Wednesday, July 18, 2018

Reflexões em tempo de férias

O tempo de férias não é só um tempo de alienação, de viagens, de praia, de excessos, de descanso, de lazer. O tempo de férias também pode ser - e deve ser - um tempo de reflexão. Até porque temos mais disponibilidade temporal, temos de certeza tempo para tudo e ainda nos sobrará um pouco para a nossa instropeção. Sempre o fiz, sempre o faço, não só neste tempo, mas ao longo de todo o ano e de todos os tempos. Fazendo uso desse exercício, dou muitas vezes a pensar na minha vida. Da experiência vívida, mas também da que me resta percorrer na reta do tempo que, cada vez mais, se aproxima do fim. Quando somos mais jovens as coisas não atingem um dramatismo assim porque sabemos que, mesmo que tenhamos pisado terrenos menos convenientes, ainda temos tempo de corrigir a trajetória, haja vontade para isso. Quando a idade avança, a correção do tiro é mais difícil porque o tempo escasseia e porque a vontade de fazer diferente nem sempre é aquela que gostaríamos que fosse. Considerações à parte, quando olho para trás e vejo o que fiz ao longo da vida, talvez corrigisse uma coisa ou outra, mas no substancial acho que não faria grandes alterações. (Não pensem que estou a ser presunçoso). Sempre tentei pautar o meu comportamento de modo a não infligir qualquer ferida a terceiros, e se por ventura o fiz, foi sem dispor de todos os dados que me induziriam a uma apreciação diferente. Nunca tentei marginalizar ninguém quer pela raça, cor de pele, credo religioso ou opção política e ideológica, porque fui educado num ecumenismo de horizonte largo onde todos coubessem. Isto no que diz respeito ao meu semelhante. Poderia ter feito melhor? Com certeza que sim, podemos sempre fazer melhor, mas tentei sempre fazer o que achava conveniente dentro do que me era possível. Quanto aos animais, sempre foi uma opção de criança. Fui educado no respeito pelos outros seres, mas fui mais além, porque julgo que nasci com esse dom de os amar, os entender dentro do possível, não fazendo diferença qual a espécie. Nunca me reduzi ao mundo do cão e do gato, indo sempre mais além, afinal os outros seres também sofrem e muito embora à luz do conceito humano de alguns até parece que não. Aquilo que fazemos aos outros animais, leva-nos a nos insurgir sobre a bestialidade que vemos ser exercida sobre o cão e o gato, banais noutras latitudes e culturas, que olharão da mesma forma sobre os nossos preconceitos face às outras espécies. Afinal o ser humano é assim mesmo. Imperfeito por natureza. A busca da sua perfeição será, porventura, o seu desiderato na vida que nos é concedida. Relativamente à natureza, sempre achei que esta deveria ser preservada porque ela é o equilíbrio dum ecosistema que permite a vida de todos, inclusive a nossa, embora o esqueçamos a cada momento. Numa altura em que o planeta parece revoltar-se com tudo isto, quando notamos a mudança do clima que é cada vez mais evidente, teremos que perceber que estamos no fio da navalha de tornar esta nossa casa comum num calhau inabitável a vaguear pelo cosmos. Esta consciência está a formar-se mas muito lentamente, e o planeta perde urgência para que não entremos numa viagem sem retorno. Estes são os pilares de cidadania que acho importante que cada um de nós professe, a saber: a solidariedade para com o nosso semelhante, o amor pelos animais e o respeito pela natureza. Já aqui vos falei variegadas vezes disto, mas nunca é demais. Pilares importantes que farão de nós seres cada vez mais em equilíbrio com o divino, seja qual for o entendimento que cada um de nós tem dele. Tento o mais possível passar esta mensagem às novas gerações cada vez mais alheias e alienadas num mundo que os reclama para tudo, lhes acena com o deus da tecnologia, mas os mantém amorfos e passivos face a tudo o resto. Por mais que achemos que estamos a ter, ou tivemos, uma vida equilibrada haverá sempre espaço para fazer mais e melhor, porque a essência da humanidade, quero crer, será sempre a sua contínua evolução até à perfeição, até ao equilíbrio de todos com o cosmos. Aquilo a que muitos chamam de conceção divina. Tudo isto me veio à mente nestes ainda insípidos dias de começo de férias. Mas será bom que, com férias ou sem elas, pensemos sobre a quota parte que devemos nesta busca do todo uno e indivisível. Porque, meus amigos, talvez o segredo seja mesmo esse, é que enquanto não percebermos que somos um todo, - que cada unidade é simultaneamente o infinito, e vice versa -, não chegaremos a lado nenhum. E não pensem que vos estou a falar de algo radical, exotérico, estranho. Já Einstein se debruçou sobre o tema, como milhares de anos atrás já outros pensaram sobre isto, como foi o caso da escola pitagórica, na Grécia profunda de à quase três mil anos atrás. Mistérios insondáveis que temos que descobrir, abrir a mente ao novo, mesmo que isso ponha em causa aquilo que foi / é a nossa vivência. O fundamental é que tenhamos o espírito aberto, sem preconceitos de nenhuma ordem, porque só assim, caminharemos em direção à luz, a mesma luz que as nossas atitudes e gestos, teimam em apagar.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home