Turma Formadores Certform 66

Wednesday, November 21, 2018

A incompreensível complexidade humana

Por vezes, mesmo nas sociedades mais alinhadas, aparece aqui e além um germe de incompreensão face ao outro, seja o outro um próximo ou alguém que até desconhecemos. O mais curioso é que mesmo aqueles que melhor defendem o outro - estrangeiro ou não, aculturado ou não - em determinadas situações, parece praticar o contrário daquilo que pretende (e diz) defender. Todos temos assistido ao que vem acontecendo na fronteira entre o México e os EUA. Mas se os EUA estão numa fase de negação de tudo aquilo que não é o 'american way of life', já países como o México se torna mais difícil. Porque a proximidade cultural é muita com países como as Honduras ou a Colômbia, com uma língua comum, uma cor de pele semelhante e tudo o mais que fariam destes povos mais próximos do que de facto eles aparentam ser nesta altura. Vimos como os mexicanos quase que escorraçam os hondurenhos ou os colombianos que, diga-se em abono da verdade, não pretendem lá ficar mas ir para o 'el dorado' que para estes povos ainda é simbolizado pelos EUA. Países e povos que até à bem pouco faziam juras de amor uns aos outros, mas que logo que vêm o seu espaço invadido, - mesmo que temporariamente -. se atiçam encarniçados uns contra os outros. Isto mostra bem aquele sentimento do ser humano que, para além da muita compreensão que tem para com terceiros, não passa dum 'fetiche', por vezes duma certa visão romântica e politicamente correta, que logo estilhaça ao primeiro abalo. Isto é um caso digno de estudo sociológico - e existem alguns - que vão infirmando esta fragilidade e tolerância duns para com os outros. Faz lembrar um pouco aquele sentimentos que muitos têm para com os animais que, quando vêem algum numa estrada parece que tentam apostar quem o mata primeiro e depois, já com o cadáver do infeliz estendido na rua todos abrandam e até o tentam contornar. Coisas estranhas estas da nossa espécie, onde os poetas que deveriam ser os homens de mais sensibilidade, até a põe em causa quando acham que o ser tolerante e defender a não tortura de animais é algo amaricado (veja-se a polémica em torno das touradas); onde pessoas de determinadas ideologias defendem as minorias mas duma forma paternalista, que logo mudam de lado quando vêem estas assumirem maior protagonismo (veja-se o caso de países como a Grécia, Hungria ou Polónia); onde há pessoas que destroem a natureza apenas e só com o argumento de terem as suas empresas a trabalhar e preservarem os postos de trabalho, quando na realidade é o lucro por vezes obsceno que é a mola que tudo acciona (veja-se o caso da Amazónia ou a negação das alterações climáticas); quando a compreensão e a tolerância para com o outro que dizem defender logo é posta de lado quando vêem os seus interesses acossados. Tudo muito estranho nesta espécie que à milhões de anos por cá anda com evolução lenta - demasiado lenta - e que tem como maior identidade o ter semeado a morte e a destruição até ao aniquilamento de outras espécies, a escravização de muitas outras, onde e para cúmulo, não é capaz de preservar a sua própria espécie, destruindo duma forma cada vez mais brutal a diferença que só o é pelos interesses instalados que estão na sombra. Coisas estranhas estas do ser dito humano e do seu comportamento. A incompreensível complexidade humana.

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