Turma Formadores Certform 66

Sunday, November 25, 2018

O descartar dum animal ou talvez não!

A Rosita, aliás Mariana, é cada vez mais Rosita e menos Mariana. Parece confuso mas não o é. Ela passa praticamente todo o tempo cá em casa, agora só raramente, vai visitar os seus donos. Sempre achei estranho isso e não percebia porque tal acontecia. A resposta veio no domingo passado. Encontrei a dona logo pela manhã, que me veio perguntar por ela e agradecer o que fazemos pela Rosita, sobretudo fixando-a em casa e não a deixando ir para a rua. O que demonstra um certo cuidado pelo animal. Contudo, nem tudo parece o que é. Embora cerca dum mês antes, uma das suas filhas me ter dito que as gatas eram muito limpas, estavam vacinadas e desparasitadas, além de castradas, a verdadeira dona disse-me o contrário, sobretudo quanto à higiene. A Rosita, aliás Mariana, e a sua irmã Maria, sujavam tudo em casa, urinavam em todo o lado e deixavam um odor desagradável, e vai daí, deixaram de lhes permitir o acesso à casa, tendo-as num velho anexo onde deitavam comida e água e por aí ficavam. Perante isto, é claro para todos que alguém não contou a verdade ou pelo menos não a interpretou da mesma maneira. Penso que foram descartando os gatos, sobretudo a Rosita, que optou por se fixar na minha casa. A irmã por vezes aparece, mas curiosamente, nunca come nada por melhor que seja o manjar. Esta acaba sempre por voltar à sua casa. Embora ela tenha dois sítios para dormir em minha casa, um mais abrigado do que outro, ambos com camas quentes, ela opta sempre pelo menos confortável, talvez por ser um espaço mais aberto onde ela pode fugir se outros por lá aparecerem para a atacar. Confesso que me custa vê-la assim, embora tudo façamos para ela se sentir bem e o mais confortável possível. Sobretudo agora, em que o frio está a chegar. Mas ela queria vir para casa, ao fim e ao cabo, ter uma casa como já teve, mas que não é possível. O Nicolau não aceita gatos, e nós também não nos queríamos ligar demasiado a ela porque, quer se queira quer não, ela tem dono e nós, que já vamos tendo alguma idade, também não queríamos ter mais animais em casa que um dia poderemos não poder vir a cuidar. O que acho estranho é que esta família, que para além de gatos também tem alguns cães, se descartem dum animal com esta ligeireza, talvez o termo não seja correto por demasiado forte. E não pensem que é gente que maltrata os animais. Isso não e disso dou testemunho. Mas um animal é um animal e pronto. Confesso a minha confusão e amargura. São pessoas que conheço bem e com quem tenho uma relação afável, mas nunca me hei-de adaptar a esta maneira ligeira de olhar para um animal como uma coisa. Um dia quando o Nicolau já por cá não andar, e se ela ainda por cá for ficando, não sei o que vou fazer. Mas a Rosita, aliás Mariana, buscou-nos desde cedo. É duma meiguice que nunca vi. Duma ternura enorme. Acho que até por isso, não merecia ser descartada assim. Mas talvez seja eu que estou errado. Talvez seja um que me agarro demasiado aos animais. Talvez seja eu que, erradamente, os tento humanizar. Talvez seja eu que estou do lado errado da estória. Talvez!

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