A choldra!...
Faço já a minha declaração de interesses que já é conhecida, para que não existam dúvidas sobre o que vou dizer. Não sou defensor de Costa nem desta governação, como já por vezes aqui afirmei, mas não posso ficar indiferente a coisas que considero de baixa política. Temos vindo a assistir a um ataque baixo e virulento sobre as relações familiares de gente ligada à governação. Não sou dos que se sentem confortáveis com isso, e acho que a ética republicana obriga a que tal coisa se evite. Mas que acontece, acontece. E não é só com esta governação. Quem já esqueceu o que aconteceu com as designadas 'mulheres de Cavaco' com as suas relações familiares com gente próxima que ocupava o poder de então? (O próprio parece que não se lembra, é natural, a idade vai fazendo os seus estragos). Quem já esqueceu as insinuações rasteiras duma certa clique face à filha do ministro Vieira da Silva que depois se veio a ver que não era bem assim? (É que a competência deve estar para além de tudo o resto). Quem já esqueceu as relações não de 'jobs for the boys' mas de 'jobs for the family' que levaram, - segundo alguns comentadores atentos -, a que o Pavilhão Atlântico fosse entregue ao desbarato ao genro de Cavaco? Quem já esqueceu a polémica em torno da Uber, - e o incómodo do CDS - quando se sabe que o seu representante em Portugal é nada mais nada menos do que o marido de Cristas? E já agora o tal familiar - primo ao que se diz - de Marcelo que estaria no governo? (Será motivado por Marcelo não estar a alinhar com o seu partido?) Tudo isto são coisas demasiado rasteiras que demonstram bem o nível a que a nossa política chegou. Em política não pode valer tudo, em função da obtenção de mais um voto, muito menos escamoteando as coisas quando se tem telhados de vidro. Reafirmo aqui o que já atrás disse. Em nome da ética republicana tal deve ser evitado, mas não sou dos que ficam incomodados quando vejo um familiar dum qualquer membro do governo, fazer parte desse mesmo governo, se por trás estão princípios de competência que a isso conduzam. Normalmente o fundamentalismo esconde sempre no seu seio outro tipo de coisas e o falar alto sobre determinados assuntos serve muitas vezes para ocultar aquilo que mais nos toca. Isto tudo aconteceu, e disso não existem dúvidas, porque o governo efetivou talvez a maior revolução estrutural desde que é governo como foi o caso dos passes sociais. E como temos eleições à porta era preciso contestar tudo para contrariar o efeito da medida. Política menor protagonizada por gente menor, o que só põe a nu a falta de assunto e de propostas que essas pessoas têm para apresentar. E como não têm nada pois lançam mão do que aparece por mais fétido que seja. Parece que não estamos assim tão longe daqueles parlamentares do século XIX de que fazia eco Eça de Queiroz. Mas estamos muito longe dos deputados de à quarenta anos atrás onde o nível de pessoas e ideias nada tinha a ver com essa chocalhice que vemos hoje. Até António Lobo Xavier, - ele que é um histórico do CDS -, sentiu-se incomodado com a verborreia do seu partido e da sua líder e disso fez eco na 'Circulatura do Quadrado' na TVI 24, na quinta feira dia 28 de março. É que mesmo junto desses setores há gente séria e bem formada que não se deixa arrebatar por esta verborreia de meia tigela. Sintetizo isto numa frase de Eça, sempre ele, quando afirmava 'isto é uma choldra!' E é mesmo...
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