Nada de pieguices
Estou a viver um momento excecional sem dúvida nenhuma. A partida do Nicolau está a ser muito difícil para mim. Parece até, que ele é que me está a dar a coragem que me falta para enfrentar o inevitável. À pouco debrucei-me sobre ele para o sentir, afinal estes são os momentos finais em que o posso fazer. Emocionei-me como é natural e não pude evitar que algumas lágrimas me caíssem dos olhos. O Nicolau que estava muito sereno, quase se ergueu a olhar para mim e a ladrar como que a dizer-me que parasse com aquilo. Que me deixasse de pieguices. Confesso que fiquei admirado e logo ele se deitou de novo e continuou a respirar cada vez mais frágil. Está a desaparecer lentamente. A respiração é cada vez mais ténue o que me leva a olhar com atenção para ver se ainda respira. Está calmo e sereno mas ainda teve forças para me dar um raspanete. Agora está deitado. Não quis comer nem beber. Descansa e aguarda serenamente a sua hora. Estou destroçado e de coração partido. A hora do adeus aproxima-se e nada mais posso fazer. O inevitável ciclo da vida fechar-se-á em breve.
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