Entre a vida e a morte
Sempre me interroguei sobre o mistério da vida e, consequentemente, o desconhecido da morte. Desde criança que tal me apoquenta, o que levou a que, em determinado período da minha vida, trilhasse caminhos que poucos ousam percorrer na busca do conhecimento. Conhecimento que sempre me fugiu como de um Graal se tratasse numa demanda apenas conseguida para os eleitos. E eu não era um deles. À medida que a idade avança e que em termos de probabilidade o fim da vida é cada vez mais próximo, estas questões assumem sempre um papel importante. Recordo-me duma frase dum padre nas longínquas aulas de 'Religião e Moral' no então ciclo preparatório. Dizia ele que as pessoas não receavam tanto a morte, mas sim, o que estava para além dela. Esta frase retiniu nos meus ouvidos ao longo da vida. Hoje com mais acuidade do que nesse tempo de antanho de menino e moço. Se o mistério da vida é algo de grandioso que nos deve admirar, o da morte encerra em si o desconhecido, aquilo que estará para além dela ou o simples vazio, o buraco negro sem mais consequências onde tudo se funde. Aqui chegado penso que é mais no caminho da Fé que temos que prosseguir, visto o determinismo científico carecer de resposta no mínimo satisfatória. Ao longo da minha vida privei demasiadas vezes com a morte, seja de pessoas como de animais, para ter uma leitura própria sobre o tema. Mas aquilo que julgo estar certo pode afinal não ser mais do que uma ilusão. Como diria Mr. Scrooge no célebre conto de Charles Dickens, 'A Christmas Carol', 'se calhar foi algo que comi e me fez mal'. Mas mesmo pensando assim, não deixa de ser confrontado com a sua experiência paranormal de belo efeito no livro. Também já passei por algumas dessas experiências, e talvez por isso, não deixo de me interrogar num 'puzzle' sem solução evidente. E não pensem que tudo isto de que vos falo é algo tão estranho assim. Já Einstein tinha colocado questões deste perfil que emergem da sua Teoria da Relatividade, mas sobretudo, é muito mais claro na sua famosa Teoria das Cordas, em que o tempo linear não passa duma falácia como diria Walcott. Que serão esses mundos paralelos, esses portais, fendas do tempo-espaço, onde os viajantes do tempo passam dum mundo para outro quase num clique? Afinal estas teorias não são mais do que o empurrar para trás as fronteiras do impossível, onde este se torna mais possível e o outro vais-se esfumando à medida que o conhecimento avança. E afinal, como já muitas vezes aqui me questionei, se tudo isto que é a vida e a morte não passasse afinal de um 'matrix' onde uma e outra se cruzam e as fronteiras não existissem? Penso que todos já fomos questionando tudo isto à medida que a nossa existência se vais esgotando na ampulheta do tempo. Como costumo dizer, quando tivermos a resposta a todas estas questões já não estaremos cá para a transmitir aos nossos companheiros de jornada da vida. Esse é o terrível desiderato da busca do Graal mas é nesse mistério que também se encerra o seu encanto.
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