Turma Formadores Certform 66

Monday, July 15, 2019

A indiferença também mata

Ouvimos falar do próximo e nem sempre paramos para pensar quem é ele. Não sei como se chama. Tem todos os nomes. É todo aquele que está ao teu lado, todo aquele que encontras em apuros na estrada da vida. Todo aquele que foi roubado na sua personalidade, atirado para a berma da vida sem amparo, sem esperança, sem futuro. Todo aquele que encontras marginalizado vítima de preconceitos ou segregações de qualquer espécie, vítima das redes do vício e da dependência onde caiu por fraqueza, por contágio ou por engano. É todo aquele - indivíduo, grupo, instituição, comunidade - cujos problemas, anseios, necessidades estão à frente dos teus olhos e não podes ignorar nem passar adiante como se nada tivesses com isso. E já agora, e por antítese, o que é ser próximo do outro? É não lavar as mãos nem inventar desculpas para passar ao lado da miséria, dos problemas e carências dos outros, sejam pessoas, grupos ou comunidades. É ser capaz de alterar o seu programa, o seu esquema de vida, o seu fim de semana, e parar, e olhar, e deixar-se comover e questionar, e entregar-se aos gestos fecundos da participação e da colaboração, da ajuda fraterna e da solidariedade. Mas, como na história do Samaritano, só este viveu e fez viver. O sacerdote e o levita deitaram-se tranquilamente, pois a sua consciência de nada os acusava: não tinham feito mal a ninguém. Mas na verdade, naquele dia, eles tinham matado um homem com a sua indiferença. O homem que o Samaritano salvou com o seu altruísmo. Quantas vezes nos afastamos ao largo para não ver o caído, aquele que a vida rejeitou, o sofredor? Quantas vezes temos medo de 'sujar' as mãos para ajudar alguém, (mesmo um animal que seja e que é tão digno de viver como todos nós)? Quantas vezes, somos o sacerdote e o levita, e tentamos arranjar desculpas para as nossas atitudes? Quantos de nós são, de facto, samaritanos? Talvez muito poucos...

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