Ainda em torno da abstenção
Muito se tem falado e escrito cá dentro e lá fora em torno do nível de abstenção das legislativas de domingo passado. Sendo certo que estes valores estão em linha com o que se verifica na Europa, não deixa de ser preocupante. Mas, quando falamos da abstenção, podemos estar com valores pouco ajustados face à nova metodologia de recenseamento e de falta de limpeza dos cadernos eleitorais. É sabido que a nova metodologia trouxe aos cadernos eleitorais mais de um milhão de novos eleitores e nos círculos fora do país ainda este impacto é mais evidente. Depois a limpeza dos cadernos eleitorais não é feita regularmente o que leva a que muita gente que faleceu ou muitos dos que emigraram nos tempos mais recentes continuem nos cadernos sem critério algum. Mas isto não justifica que o nível de abstenção é cada vez mais elevado e a carecer duma análise mais profunda, desde logo às forças políticas, que não têm sido capazes de atrair os eleitores. Este fenómeno é transversal à Europa e penso que tal se prende com o elevado nível dos europeus que os leva a afastarem-se da política e a terem como adquirido tudo aquilo que atingiram nas suas vidas, não percebendo que nada é eterno e que um dia poderão estar a braços com questões que hoje não ocupam espaço nem nos seus pensamentos mais remotos. Normalmente, à medida que o nível de vida aumenta as pessoas vão-se afastando da política por falta de motivação por que lutar. Este é um problema grave que carece urgentemente de correção e as forças políticas têm que estar na primeira linha para resolver o problema e não olharem só para aquilo que são os seus interesses imediatos. Isso não tem acontecido e é urgente que se faça.
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