Turma Formadores Certform 66

Sunday, March 08, 2020

Dia da Mulher

Celebra-se hoje o Dia Internacional da Mulher. Este é mais um daqueles dias de qualquer coisa - como costumo dizer - embora, pelo que vou vendo, tenha algum sentido a sua celebração. Isto porque, apesar de tudo, a identidade de género ainda tem um caminho a fazer, os lugares de topo de algumas organizações estão vedados a mulheres, e não penso que seja com a política de quotas que se vá resolver a situação. Mas a sua celebração assume um papel ainda mais relevante face à violência crescente que se abate sobre as mulheres, (até quando?), independentemente da sua condição social, económica ou cultural. Não é só nos extratos sociais mais baixos que tal ocorre, vindo a generalizar-se a cada vez mais camadas sociais ditas elevadas. Penso que o simples facto de ter de falar sobre isto é uma aberração, algo que já à muito deveria ter sido erradicado da sociedade, seja ela qual for. Por mais irónico que pareça, parece que a mulher era bem mais respeitada - pelo menos em certos círculos sociais - em tempos idos do que nos dias que são os nossos, onde o conhecimento, cultura, nível social são bem mais elevados do que em épocas de antanho. E isso é preocupante porque significa que não só não fomos capazes de evoluir como até, em certo sentido, regredimos em relação à mulher. Por isso, a oportunidade do dia é evidente. Não para que se celebre e logo de seguida de esqueça e tudo volte ao mesmo, mas para criar um espaço de debate e reflexão sem tabus ou constrangimentos, onde se ponha a questão com clareza, mas também com firmeza. Fico triste quando vejo situações de mulheres subjugadas no meu país - mas também noutros, mesmo em muitos ditos evoluídos e civilizados -, mas porque já vai sendo tempo de dizer basta. (É certo que a violência sobre homens também existe e não pode ser escamoteada, mas hoje é das mulheres que quero falar). Não deveria ser necessário existir um dia destes - como tantos outros que andam por aí - mas reconheço que isso só vem mostrar a nossa fragilidade e a nossa fraqueza. Porque quem exerce a violência sobre outro é um fraco - embora faça de si próprio um juízo bem diferente - sem capacidade de se afirmar sem recorrer à violência. Hoje é o Dia Internacional da Mulher e sei que amanhã tudo volta ao mesmo mas, pelo menos, que tenha servido, quanto mais não seja, para questionar, para interpelar, para refletir. E se assim foi já valeu a pena. A todas as mulheres do meu país e não só desejo um Feliz Dia da Mulher.

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