O Dia dos Avós
Comemora-se hoje mais um dia de qualquer coisa. Desta feita, o Dia dos Avós. E apesar de não me sentir escravizado pelos dias de qualquer coisa, este tem um sentimento especial para mim. Já perdi os meus avós há muito tempo atrás, mas são estes pequenos fetiches que nos levam a abrir o baú das memórias e a recordar tempos passados e felizes. Fui criado pelos meus avós maternos até há minha juventude, e esses laços foram-se fortificando ao longo do tempo e ainda hoje permanecem. Porque como diz o povo "avós são pais duas vezes". Não sei se é assim, mas no meu caso, marcou-me duma forma indelével. Dou por mim neste dia a pensar nas traquinices, nas birras que eles me aturavam, no tudo que faziam para que eu fosse um criança feliz. Nessa época não haviam computadores, telemóveis, internet. Onde o brinquedo novo só aparecia no Natal e, talvez, no aniversário. Nada disso. Os afetos eram os reais, aqueles que resultam da relação entre pessoas, e não dum qualquer ser virtual. Era a voz, o toque, a fala, o gesto. Era a pureza do contacto que deve existir entre dois seres. Eram assim esses tempos. Em que à mesa se fazia, muitas vezes, o balanço do dia, ou o programar do seguinte. Onde se debatiam as dificuldades, os obstáculos que sentia que a vida me colocava no caminho, não aquele mundo isolado onde as crianças agarradas aos telemóveis, tablets ou computadores, acreditam mais no mundo virtual que têm perante os olhos do que o afeto do ser que está ali ao lado e que eles nem dão por isso. Hoje, apesar de tudo, dou comigo a pensar nesses momentos de meninice. Na educação rígida desses tempos, mas sempre pautada por um imenso amor e carinho. Carinho de quem me ia levar e buscar à escola, com calor ou frio, canícula ou temporal, a pé enfrentado os elementos, porque nessa altura eram poucos os privilegiados que tinham carro. Os ensinamentos em casa para que pudéssemos fazer boa figura no dia seguinte na escola, porque nesse tempo não haviam explicadores, ou salas de estudo. Tudo era fruto do esforço de todos. Do jovem e da família em redor que lhe tentava proporcionar um ambiente propício. E como eu fui feliz nesses tempos, sem as tecnologias, numa vida por vezes rotineira mas regrada, na felicidade dum passeio com estes meus avós e mentores. Por isso, por tudo aquilo que me proporcionaram, estou-lhes grato. E apesar de não ser um defensor dos dias de qualquer coisa, aqui estou a celebrá-lo, à minha maneira, mas de coração cheio. Obrigado Avós por tudo o que fizestes por mim. Jamais vos esquecerei. Falos dos avós maternos e meus padrinhos também porque o meu avô paterno nunca conheci e a minha avó morreu era eu ainda muito criança e dela tenha uma memória muito fugaz. Nem fotos tenho numa altura em que tal era um acontecimento e não a banalidade que é hoje. Feliz Dia dos Avós para quem ainda os tem e, sobretudo, para quem é avô ou avó, esse estágio duma certa maternidade e paternidade em estado mais evoluído. Feliz Dia dos Avós para todos os avós do mundo.
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