Comportamentos questionáveis
Ontem fui confrontado logo pela manhã com as sirenes duma ambulância do INEM. Passado cerca de dez minutos tive que sair e vi um pouco mais à frente a tal ambulância de portas abertas. Logo surgiu um carro de médicos da mesma instituição numa gritaria desenfreado que parou o trânsito a um quilómetro de distância. Curva apertada, pneus a chiar no asfalto. Tudo com aquele aparato de urgência que a situação requeria. (Quando uma ambulância chega e chama depois o carro dos médicos é porque a situação é grave, talvez uma paragem cardio-respiratória). Mas depois de todo este aparato, esperei ver esses médicos a saírem a correr com a suas mochilas como se não houvesse amanhã em direção à casa do paciente, como é usual vermos quando as televisões estão por perto. Infelizmente para a vítima não havia nenhuma televisão e então os tais médicos, - um homem e uma mulher -, saíram calmamente, abriram a porta traseira da viatura, foram escolhendo o material a levar, calçaram luvas e, durante todo este tempo iam conversando tranquilamente. Parei para ver se estava com alguma alucinação. Não estava. Eles lá acabaram por ir muito lentamente em amena cavaqueira que contrastava com todo o aparato que minutos antes tinha assistido. Será que isso só funciona quando as televisões estão por perto e quando não aparecem tudo volta a letargia habitual? Confesso que fiquei um pouco confuso com tal comportamento e não fui só eu porque entretanto outras pessoas foram aparecendo e pensaram o mesmo que eu. Espero que a vítima não tenha sofrido nada de grave porque, com tal calma de quem se devia apressar para salvar uma vida, seria bem mais eficaz chamar logo o cangalheiro. Coisas que me deixam a cabeça à roda. Enfim, comportamentos questionáveis sem sombra de dúvida.
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