Memórias

Há dias assim. Hoje acordei com o pensamento focado no meu amigo Nicolau. Algo que não é de todo anormal. Está quase a fazer dois anos sobre o seu desaparecimento, - que terá lugar em Maio próximo - e, talvez por isso, a memória do Nicolau está mais presente do que nunca. Lembro-me bem da sua rebeldia e independência. O Nicolau era um cão muito independente, muito senhor do seu nariz. Desde a sua adversidade aos banhos, como a usar capas para a chuva. Foi criado por uma boxer, a Tuxa  - como muitos de vós se lembrarão -, uma cadela que o adorava e que ele amava muito. Até ao dia em que percebeu que era maior e mais forte do que ela. (Apesar da força da Tuxa, que era muita, o Nicolau era muito mais possante). Quando tal percebeu começou ele a ditar as regras. Ainda me recordo dele, muito jovem ainda, ir ao veterinário e este me dar a seringa para lhe dar a vacina porque ele ameaçava fazer estragos. E fê-los por diversas vezes com os vet's que dele tratavam. Até comigo, por vezes, quando achava que não queria ser incomodado. E quando via algo que o incomodava era vê-lo a arrastar-me pela rua porque era difícil lidar com tanta força. Talvez pela sua personalidade forte, o Nicolau muito me marcou. Sempre tive cães desde muito jovem. Amei-os a todos e para todos tenho um pensamento diariamente. Mas o Nicolau foi diferente. Teve uma longa vida. Amou e foi amado. Mas à sua maneira porque não poderia ser de outro modo. Hoje acordei a pensar nele. A memória dum ser nobre, possante e amigo que tanto marcou a minha vida.