Encontro gratificante
Já não o via há um par de anos. Estive com ele no passado domingo. Falo dessa figura de andarilho do mundo, missionário de causas nobres, Frei Fernando Ventura, franciscano dos Frades Capuchinhos. Mais conhecido pela sua participação em vários canais televisivos como comentador, Frei Fernando Ventura é um homem fascinante, um dos maiores biblistas mundiais. É sempre gratificante estar com ele, saímos sempre mais enriquecidos. É um bálsamo, uma espécie de banho cultural quando nos cruzamos com figuras com esta dimensão. Com ele acabo sempre por ter diálogos inesquecíveis. Este também o foi. Falou-se da Covid como não podia deixar de ser - ele que estava a sair dum confinamento - e que logo acrescentou que estava bem, tal qual as outras pessoas infetadas com que se tinha cruzado. Falamos de Fé em tempos de exigência como são estes que vivemos e logo saiu mais uma das suas explicações sobre o Evangelho de Lucas e como Maria (mãe de Jesus) ao dirigir-se para casa da sua prima em Judá logo se cruzou com Zacarias e o saudou (o que era considerado um forma bem desrespeitosa numa época em que se devia saudar primeiro o dono da casa e esse dono era Isabel sua prima). A partir daqui traçou alguns cenários filosóficos como tantas vezes acontece com Frei Fernando Ventura, nunca deixando de mergulhar na realidade atual e dessa época porque são as pessoas que fazem o mundo à sua volta como costuma dizer. Falou-me da sua obra em São Tomé - a construção de um lar para idosos - e de como tudo parecia difícil dada a verba em causa, mas que logo apareceu, faltando bem pouco para a sua conclusão. 'Este é mais um dos pequenos milagres que acontecem' afirmou Frei Fernando Ventura. E assim, lá fomos esgotando algumas horas na ampulheta do tempo, horas muito interessantes e sempre construtivas. No fim ainda me dizia, 'olha como estamos apoquentados com o Covid por cá, agora imagina o que se passa em São Tomé, onde não chegam vacinas (ou são poucas) e onde o dinheiro escasseia'. Acrescentando ainda que apesar disso, lá vão mais umas toneladas de equipamentos médicos, vacinas, medicamentos, etc. Muitas toneladas que vão de Portugal para lá porque há sempre mecenas interessados em ajudar e fazer acontecer os tais 'pequenos milagres'. Depois lá seguimos, cada um a sua vida, Frei Fernando Ventura seguindo com aquela simplicidade que só têm os grandes homens, aquele sorriso franco e leal dum andarilho pela Fé; e eu, deixei-o com aquela sensação grandiloquente que sempre me fica quando me cruzo com ele. Cheio de temas para reflexão, interpelações que me inquietam e me fazem pensar, num tempo difícil e exigente como este que todos estamos a viver. Frei Fernando Ventura é aquele bálsamo que muitas vezes precisamos para ir em frente, aquela água que mata a sede áquele que está no deserto com a sua fé abalada, aquela facho que ilumina e rasga a escuridão das nossas mentes perdidas no quotidiano. Não sei quando o voltarei a ver. É sempre assim que penso quando me cruzo com ele, porque nunca sei qual a demanda em que se envolve e o leva para terras distantes a privar com os mais pobres. Afinal é essa a sua missão, a dum missionário que leva a mensagem espiritual a quem dela mais carece, a esperança a quem já está em desespero, a espiritualidade a quem dela tanto precisa, mas também o material para amenizar as vidas mais sofridas. Até um dia Frei Fernando Ventura. Que Deus te acompanhe.
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