Turma Formadores Certform 66

Monday, October 25, 2021

Orçamento de Estado vs. crise política

Como habitualmente estamos a preparar-nos para mais um Orçamento de Estado (OE) desta feita para 2022. Tudo seria normal mas este ano parece que não. É habitual que os partidos que se envolvem nesta matéria queiram sempre obter algo para si beneficiando dum governo minoritário que carece do seu apoio. Sabemos que muitas vezes, partidos mais à esquerda do que o atual governo, se sintam mais confortáveis como partidos de protesto do que partidos que apoiam uma governação. Tudo isto é normal e até compreensível, afinal, é a democracia a funcionar. Mas este ano as coisas são bem mais complexas. Com uma crise enorme fruto da pandemia, com uma crise social que nem sempre é visível, com os preços da energia e combustíveis a subir e a criar problemas a todos, não parece compreensível que a somar a tudo isto se some uma crise política. Logo numa altura em que estão a chegar fundos europeus numa dimensão nunca vista, seria incompreensível que se criassem obstáculos à recuperação económica, desde logo, com uma governação por duodécimos. Como o Presidente da República já disse e bem, se o OE não for aprovado entraremos numa crise política que conduzirá a eleições. Estas teriam lugar lá para Janeiro e depois, cumprindo-se os prazos constitucionais, teríamos um novo governo próximo do meio do ano. Com a agravante de poder ser eleito um novo governo também minoritário e o problemas existiria de novo. Tudo muito complicado que teria custos elevados para o país. Como economista e daquilo que já vou conhecendo do OE, parece que tem havido uma vontade de tentar buscar-se os apoios junto da maioria que tem apoiado o governo até agora. Mas será sempre necessário que estes estejam dispostos a abdicar de algo para que o consenso se possa estabelecer. Estou convencido que isso acabará por acontecer, mas se tal não se vier a concretizar, temo que algo de muito complicado venha por aí. Já muitas vezes alertei para o impacto económico da pandemia que, para muitos só agora, começa a ser visível. A tal onda que víamos ao longe, como já aqui afirmei, afinal é um enorme tsunami que se aproxima. Como disse então, a maioria das pessoas ainda não percebeu a verdadeira dimensão do que por aí está prestes a chegar e quando disso tiverem a noção, verão que já será tarde. É muito importante a aprovação do OE para que o país possa fazer face às dificuldades que se avizinham, caso contrário, a fatura a pagar será bem elevada, fazendo com que os tempos da 'troika' pareçam uma brincadeira. Ninguém quer isso. Haja boa vontade e sentido de Estado.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home