Turma Formadores Certform 66

Monday, December 27, 2021

Depois dum Feliz Natal para todos (Crónica atrasada dum Natal já passado)

E eis que chegamos ao Natal. Esta é uma época festiva por natureza, sobretudo para os mais pequenos, onde o comércio faz a sua aparição mais pujante, e todos nos esquecemos da espiritualidade que esta época encerra. O Natal foi uma época mágica na minha longínqua meninice, depois passou a ser uma época de perturbação quando cresci, e ainda hoje, é uma época em que me sinto bem a quando dos preparativos mas que longo é ensombrado por outras memórias quando o dia chega. Festa de família por excelência, embora para mim, é uma época solitária porque família digna desse nome já não tenho. É certo que busquei uma outra de adoção, a família da minha querida afilhada Inês de que tanto gosto. Este ano, a exemplo do anterior, não estaremos juntos. O mal fadado vírus parece que não se quer ir embora e todos os cuidados são poucos. E se o Natal é sempre uma alegria quando temos por perto as crianças, o inverso também é verdadeiro na sua ausência. Assim, este será mais um Natal restrito ao núcleo familiar. Se por um lado isso me entristece, por outro dá-me alento para a espiritualidade desta quadra, algo que assumo em toda a sua plenitude em contraponto à mesa opípara, aos ruídos estridentes, ao brilho das luzes. Este é mais o Natal que me é mais querido porque apela a algo que tendemos a esquecer, a saber, a frugalidade da mesa, o amor ao próximo, a proximidade com os animais e com a natureza. Porque nesta época nunca consigo esquecer aqueles que não têm família, ou que dela se afastaram ou foram afastados, sem futuro e sem amanhã. Pessoas colocadas na vereda estreita da vida, sós, incompreendidos, isolados, afastados dos olhares dos transeuntes que se afadigam com os presentes, na maioria das vezes inúteis, mas que acham ser esse o espírito do Natal. Mas também não esqueço os animais, a sofrerem com fome e com frio, muitas vezes sem comida e, tantas outras, acossados pelo ser dito humano. Animais que são sacrificados nesta época, como noutras, vendo as suas vidas ceifadas para alimentar a gula de alguns por algumas horas. Mas também não posso esquecer a natureza sempre desrespeitada, árvores abatidas que tanta faltem fazem para serem deitadas fora depois de engalanadas por algumas semanas Tudo isto me ocupa a mente e evita que o Natal seja um Natal igual a tanta gente que não pensa em nada disto porque se acham os senhores do Universo, não percebendo que um dia apodrecerão debaixo da terra que os reduzirá a pó. Por tudo isto o meu Natal é diferente. Será um Natal frugal onde serão mais os lugares vazios do que os preenchidos porque a galeria dos ausentes vai aumentando ano após ano. Mas isso não nos deve impedir de seguir em frente. Mais sofridos, sem dúvida, mas também mais fortes porque a dor também fortalece e cria defesas. Por tudo isto o Natal não é a tal época especial do ano de que muitos falam. Contudo não quero deixar de desejar um Feliz Natal a todos os meus amigos, a todos os que não gosto e/ou que não gostam de mim porque todos são merecedores de perdão. Não quero deixar de aqui lembrar a minha querida afilhada Inês e a sua família nuclear pelo carinho que lhes tenho como sei que eles também o têm por mim. Nesta época há sempre votos de isto e daquilo que no dia seguinte são arremessados para o lixo para que a nossa vida continue o seu caminho habitual. Mas assim é, assim terá de ser. Boas Festas para todos.

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