Carta aberta ao Sr. André Ventura
Viva senhor André Ventura!
Estou a convidá-lo para um encontro em Aljezur para esclarecermos e, oxalá, resolvermos em conjunto um diferendo que nos opõe. Oposição que se deve depreender da sua tomada de posição pública grave, certamente por desatenção ou falta de conhecimento ou intenção estranha, sobre um assunto importante e interessante, que eu farei por lhe tornar de fácil compreensão.
Fiquei com a convicção de que não tomou atenção ou não compreendeu do que se tratava, nem mesmo da motivação que nos moveu para apresentarmos uma moção sobre a possibilidade e as múltiplas vantagens de alimentação 100 % vegetariana de animais de companhia classificados de carnívoros. Essa moção foi apresentada e votada no último congresso do PAN, que teve lugar em 2021 na cidade de Tomar.
Além da oportunidade de conversarmos, está também convidado para uma refeição vegana (ouvi dizer que aprecia esta saudável alternativa alimentar, que é para mim exclusiva desde há cerca de 20 anos).
Não tomo a iniciativa de o procurar, por me sentir responsável perante 8 gatos e 3 cães, que apoio e que de mim precisam e são a minha adorável companhia. Gozam de liberdade, amizade, carinho.
A propósito, desde há 4 anos que são alimentados exclusivamente com ração seca vegana produzida por uma empresa de médicas veterinárias também veganas, professoras da universidade de Barcelona. Felizmente, os meus bichinhos estão muito saudáveis, satisfeitos, confiantes, comem com gosto e são amigos. Reagem assim ao agradável sabor, utilidade nutritiva, equilíbrio, qualidade desta ração. Pode o senhor ver, para crer!
Sou o Vasco Reis, médico veterinário prático. Durante alguns anos servi como médico veterinário municipal. Nasci em 1938 e estou perto de completar 84 anos. (A idade interessa imenso!) Após formação nas escolas de medicina veterinária de Lisboa e de Hannover (Alemanha) e 41 anos de actividade profissional intensa com espécies da criação, da pecuária, animais de companhia, destacado para touradas e concursos hípicos, trabalhando em matadouros, responsável clínico em transporte marítimo de longa distância de bovinos, estou aposentado desde 2008. Exerci na Suíça, na Alemanha, nos Açores, em Portugal continental e embarcado entre a Holanda e Angola. Vivi em proximidade a exploração de animais não humanos feita por humanos e apercebi-me do terrível sofrimento psicológico e físico que isso provoca. Por essa vivência e muito estudo, sensibilidade e empatia, tornei-me vegano. Foi uma das melhores decisões da minha vida.
Abomino tauromaquia, caça, pesca, circo, apanha de caracóis, etc. Não se vai proibir. Mas é preciso explicar que provoca sofrimento e pugnar pela evolução das mentalidades e das práticas e por soluções alternativas.
Nunca votarei em quem defenda tais actividades.
Genomas das espécies são em maior ou menor percentagem coincidentes com o genoma humano, Assim 15 da rosa planta; 40 do rato; 99 do gorila são a percentagem do que coincide com o humano. Por isso, cientistas pensam que as espécies provêm de um ser pluricelular primitivo que as originou por mutações, adaptações, etc.
SOMOS TODOS FAMÌLIA COM MUITAS SEMELHANÇAS. Especismo arrogante distanciador não se justifica.
Este mundo podia/devia ser mais justo e menos cruel se a humanidade fosse mais educada, culta e empática.
Vamos a isso???
Cá o espero!
Com os melhores cumprimentos!
Vasco Reis
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