Da invasão da Ucrânia à confusão ideológica

Depois de ontem termos assistido à invasão da Ucrânia pelas tropas da Federação Russa, logo as redes sociais se agitaram, especialmente o Facebook e o Twitter. Passei os olhos por ambas e logo dei conta da confusão ideológica de muito o que lá li, ou simplesmente o torcer da verdade para dar cobertura ao interesses que cada um defende. Logo pela madrugada vi que apelidavam o regime de Putin de comunista para logo desfiar o mais básico e primário anticomunismo. Outros seguiam o mesmo diapasão só que em sentido contrário. Tudo isto não passa de ignorância pura ou de má fé, o que ainda é pior. É importante esclarecer que o regime de Putin não é um regime comunista, bem pelo contrário, é do mais puro nacionalismo, daquele mais profundo que foi utilizado pelos czars antes da revolução russa. E se Putin foi membro da sinistra KGB isso não faz dele um comunista. Quem ouviu a sua intervenção no dia anterior à invasão da Ucrânia perceberá isso facilmente. E esta foi uma de entre muitas outras intervenções de Putin nesse sentido. Sei que muita gente que defende o mais profundo nacionalismo entre nós, - verberando apoio a partidos da extrema direita mais retrógrada -, tenha dificuldade em aceitar o mesmo nacionalismo vestido por Putin. (Ainda existe o trauma da antiga União Soviética, mesmo por pessoas que não eram nascidas, ou seriam muito bebés, quando o comunismo ruiu). Por isso, o apontar Putin como comunista até dá jeito, mas não corresponde de todo à verdade. Este tipo de cenários de invadir partidos vizinhos é bem típico de regimes com esse diapasão. Se Putin o fez, Hitler também o fez e Mussolini. Dir-me-ão que os comunistas também o fizeram, mas essa invasão teve apenas o aproveitamento duma certa partilha que foi feita entre as várias potências no final da II Guerra Mundial. Apenas a área geográfica europeia era diferente. Tudo o resto é igual. Daí que acho que devemos estar atentos a esta deriva ideológica, seja ela motivada por ignorância ou má fé, não deixa de ser uma mentira. A contra informação é mais vasta do que se pensa e não é só produzida pelos beligerantes e seus sequazes. É também usada por alguns para dar cobertura aos seus interesses mais obscuros. Estejamos atentos a estas derivas e não nos deixemos arrastar para esses terrenos pantanosos onde alguns gostam tanto de viver.