Economia de guerra
A invasão da Ucrânia pela Rússia prossegue, mas não é disso que vou quero falar agora, mas sim do impacto possível desta guerra nas economias do mundo inteiro. Ontem discutiu-se a retirada de alguns bancos da Rússia da rede internacional de transações bancárias swift. (O swift é um registo, um código que leva a que um banco reconheça a transferência de quem o emite e a quem ele é destinado. Caso um país seja retirado, isso tem consequências graves, porque uma transferência que se faz no momento pode levar várias dias ou mesmo semanas para se efetivar. Por isso é conhecido entre os financeiros como a 'bomba atómica'). O ser parcial não deixa de ser importante - foram sete os bancos excluídos - a medida é uma coisa muito importante, não penalizando os bancos mais próximos do setor energético. O problema é que esta medida é muito importante mas terá o chamado 'efeito boomerang', isto é, essas restrições repercutir-se-ão nas economias ocidentais, visto que todo o mundo as usa nas relações internacionais. E para não falar no gás que é um dos bens mais importantes da negociação para a Rússia e do trigo que de lá vem também e do milho da Ucrânia. (Em Portugal os efeitos poderão ser bem mais significativos do que na Rússia, sendo previsível que o setor dos vinhos venha a ser um dos mais afetados). Mesmo assim, a Rússia pode sempre contar com o apoio - embora velado ou mais restrito - por parte da China que também não vai querer expor-se ao mundo no apoio à Rússia. Apesar disso, essa poderá ser uma maneira de contornar o efeito das medidas decretadas pelo ocidente. Mas mesmo correndo esse risco, não se pode ficar indiferente ao que está a acontecer na Ucrânia. (O desespero de Putin é enorme e ontem não hesitou em falar nas armas nucleares. Embora ele também perceba que o ocidente também as possui). Contudo temos todos que nos preparar - e disso estar consciente - que cairá sobre nós uma parte daquilo que se está a tentar fazer à Rússia. Afinal é a globalização no seu estado mais puro. Ainda não é conhecido o impacto que tudo isto terá no Orçamento de Estado para 2022 entre nós, mas que o vai ter, podem crer que vai. Mesmo quando tentarem dizer-nos que tudo está bem, podem crer que não será bem assim. Afinal quando se entra em algo com esta dimensão é como se estivéssemos a viver numa economia de guerra, mesmo quando ela está longe. Mas mesmo correndo esses riscos não se pode permitir que um ditador louco e assassino coloque o mundo em sobressalto e temos a obrigação moral de lhe mostrar que estamos todos muito zangados com tudo isto.
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