Turma Formadores Certform 66

Wednesday, April 06, 2022

Guerra o pior do ser dito humano

Temos assistido a horrores sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Esses horrores que nos indignam são apenas os que as câmaras de televisão registaram, quantos mais haverá por lá, bem piores do que estes e que ninguém viu. Na guerra não há inocentes por mais que se diga o contrário. Os velhos e crianças são as primeiras vítimas pela sua debilidade, as mulheres também, como objetos de prazer sexual. Sempre assim foi através dos tempos o que significa que a dita humanidade evoluiu muito pouco neste milhares de anos que pisa este planeta. Afinal somos o maior predador à face da Terra, e essa sensação de poder sobre o outro, leva ao êxtase o ser dito humano. E não me refiro a este ou aquele, refiro-me a todos nós, que somos cidadãos normais, respeitadores da lei e da ordem, e numa circunstância destas viramos para um registo bem pior do que muitos animais. Vejam os traumas das guerras que acompanham muitos soldados para a vida. São traumas do muito que viram, mas também do muito que fizeram. Penso que todos conhecemos alguns destes casos, sobretudo a minha geração que conviveu com a chamada guerra colonial. Basta apenas o despoletar uma pequena centelha para provocar um grande incêndio. Aqui a centelha foi Putin, um fascista, que se assume nacionalista, (um embaraço para muitos comunistas), um assassino treinado pelo KGB que chegou a presidente. Mas este fatalismo parece acompanhar a Rússia, como aliás, muitos dos países de leste. (Veja-se a Hungria liderada por outro fascista como Orbán que no domingo foi reeleito e atentem no discurso que fez, em tudo semelhante ao que Putin produziu um ou dois dias antes de iniciar a invasão da Ucrânia). São gente desta que Putin tem ao seu lado no terreno político, para além das oligarquias que o financiam. Este é o drama destes países a começar pela Rússia que é o maior deles e sateliza os restantes. Primeiros eram as tribos aguerridas que semeavam a morte e a destruição, depois os czares - veja-se um dos mais sinistro Ivan que foi cognominado de Terrível -, depois os comunistas, agora os nacionalistas de Putin. Estes povos sempre viveram - e vivem - curvados a tiranos que sempre se aproveitaram do povo e o tiranizaram até ao limite. (Leiam Fiódor Dostoiévsky, Liev Tolstói, Nicolai Gogol ou mais recentemente Alexander Soljenitsin, mas poderia citar muitos mais). Estes povos acabam por votar em líderes com esta vertente porque não são capazes de pensar a sociedade doutro modo, afinal nunca conheceram outra coisa. Sentem-se orfãos sem eles. Quando estas máquinas começam a trabalhar nada as detém, é como se quiséssemos parar um comboio a alta velocidade. As atrocidades passam a ser quase provas iniciáticas para muitos jovens imberbes que estão a ter contacto pela primeira vez com tal brutalidade e como se sentem senhores - afinal é a doutrinação de qualquer força militar - as sevícias serão a saída mais fácil. Sentem-se poderosos e protegidos. Contudo, não esqueçamos - como disse atrás - na guerra não há inocentes, as atrocidades são a maneira de estar. É a relação de poder entre o subjugador e o subjugado. Quanto ao resto já todos sabemos. Infelizmente o cortejo de destruição, morte, horror são sempre iguais em todas as guerras, sejam quais forem as épocas em que se travaram. Isto é o pior do ser dito humano que ainda não foi capaz de se libertar do horror que trás dentro de si, a negritude mais profunda, a bestialidade mais abjeta.

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