O "crime" de ajudar animais

Caros amigos reais ou virtuais,

Vim a perceber pelo que se passou nos últimos dias, que ajudar animais por cá é uma espécie de "crime". Essa missão apenas está conferida a um grupo restrito de pessoas, com certeza com maior pedigree do que eu. Não fiquei surpreendido porque desde já há algum tempo me vinha apercebendo disso. Depois de muitas coisas que li e que apenas mereceram o meu silêncio, julgo ser tempo de dizer algo sobre o que aconteceu. 

Este perfil foi definido desde o seu início já lá vão alguns anos, como de defesa de animais. Cheguei a publicar aquilo que era o sofrimento horrível porque muitos passavam e o porquê disso. Mais tarde, alguns dos meus seguidores me disseram que amenizasse a página porque não conseguiam ver tanto sofrimento. Aceitei o conselho e comecei a suavizar as coisas misturando outros assuntos para tornar tudo mais leve e apelativo. Depois disso, este perfil teve várias orientações, mas sem nunca perder a vertente de apoio aos animais, afinal era a sua razão de ser. Mas depois do que se passou na semana passada penso que é tempo de dizer basta. Este perfil irá rumar a outras paragens e os animais deixarão de fazer parte dele. Depois de muito refletir sobre o tema, decide que:

1. Toda e qualquer partilha de animais, seja qual for a sua situação, deixará de existir nesta página. Aproveito para pedir a todas as pessoas que me enviam mensagens para partilhar situações de animais ou que as publicavam diretamente na mesma, para deixar de o fazer. Porque partilhas não mais existirão e as publicações que possam fazer, serão eliminadas. Daí o pedir para não o fazerem para não ter que cometer esta deselegância coisa que nunca fiz a ninguém;

2. Apenas aparecerão imagens de animais que estão comigo ou imagens com frases subliminares com animais agregados;

3. Nunca verão - aliás, nunca viram - na minha página qualquer pedido de dinheiro ou demonstração de qualquer outra espécie. Nunca o fiz porque sempre ajudei com proventos próprios e nunca esta situação me serviu de uma qualquer promoção social (que aliás, dispenso, porque dela não careço): 

4. Continuarei o meu apoio no terreno junto dos animais que precisarem de apoio - não estou só no sofá, também sujo as mãos, embora disso não faça alardo - e continuarei sempre, dentro do possível, com o apoio financeiro ou outro que venho dando a instituições e a particulares. Não as nomearei aqui. Eles sabem quem são;

5. Reservar-me-ei o direito de comentar as situações que achar por bem, - animais ou não -, sempre que para tal julgue necessário o meu contributo. Não abdicarei da minha liberdade, - que sempre exerci mesmo quando ela não existia entre nós -, nem do meu direito de livre expressão que está consagrado constitucionalmente, embora ande por aí quem não saiba bem disso;

6. Tratarei de utilizar, sempre que possível, as fontes mais credíveis que terei acesso. Admito que pode ter havido casos em que tal não aconteceu e apenas a minha credulidade em as julgar dignas de crédito me levou a aceitar algo que não o era. Disso sempre pedi desculpa e assumi a responsabilidade porque não intencional.

Posto isto, é legítimo que vos interrogueis sobre o que este perfil reserva para o futuro. E simplesmente vos direi que será um perfil estritamente cultural, - com as exceções atrás referidas -, porque penso que será o melhor a fazer. Depois do que tenho lido nos últimos dias parece que um banho de educação e cultura urge ser feito. (Senhores do Ministério da Educação o que andam a fazer com os meus impostos?) Desde o insulto suez até à ortográfico débil tudo valeu. E que fartote!

Neste perfil ninguém será excluído por exprimir uma posição diferente da minha. Sempre achei que é na diversidade, - seja ela qual for -, que aprendemos e crescemos. Apenas não serão toleradas pessoas com discurso de ódio ou com linguagem obscena. Essas não cabem neste espaço e poderão ir buscar outros que se ajustem melhor à sua realidade.

Não é por termos pontos de vista diferentes, cor de pele diversa, religião ou ideologia variada, que não encontrarão acolhimento neste espaço. Todos somos diferentes e simultaneamente iguais e é nesta troca de sinergias que nos enriquecemos. A diversidade e a sua aceitação será sempre o segredo da evolução.

Quem se sentir bem dentro deste quadro que acabei de definir continuará certamente. Quem não se sentir bem terá que rumar a outras paragens. Agradeço a todos os que ficarem porque são sempre importantes os seus contributos para sermos pessoas melhores, aos que saírem, embora lamentado o facto, penso que será melhor assim do que permanecermos a olhar por cima do ombro uns dos outros. A estes também agradeço porque a atitude que tomarem também será uma forma de reflexão para mim.

Já agora uma última nota, e será mesmo a última, algo para que venho alertando há muitos anos. Enquanto a desunião entre defensores dos animais continuar, só daremos motivos para que, quem não os defende, se sinta regozijado. Faço este trabalho à mais de quatro décadas, numa altura em que, quem os defendia, era olhado como um qualquer sujeito insano, estulto, enfim, maluco. E com esta divisão entre as pessoas este olhar sobre todos nós, continua para regozijo daqueles que se nos opõem. Os animais não compreendem, nem disto colhem qualquer benefício. Está na altura de mudar comportamentos para que todos nos unamos de modo a que o nosso trabalho seja profícuo. Penso que é um bom tema para se refletir.

Posto isto, julgo não haver muito mais a dizer. Tudo está claro. A prosa vai longa, mas era necessário por os pontos nos ii como é corrente dizer-se. Aproveito para saudar todos - sem qualquer exceção ou reserva - porque todos fostes importantes para o meu evoluir. Desejo-vos sinceramente o melhor para as vossas vidas pessoais e profissionais. 

Com os meus melhores cumprimentos. 

José Ferreira