O tsunami que se aproxima
Todos vimos notando um alterar das nossas condições de vida. Desde a pandemia que era previsível que tal ia acontecer e o efeito inflação que se instalou na economia mundial veio ajudar. Todos os dias ouvimos falar que o custo de vida está mais elevado, que os salários estão a desvalorizar-se. Tudo isto é verdade. A inflação é um sorvedouro que comprime as economias. É provocada pelo excesso de moeda em circulação que faz com que os preços aumentem e continuem a aumentar mesmo quando já o dinheiro disponível está a perder valor. A economia começa a contrair-se, o crescimento diminui e, no limite, a vida fica mais difícil para os cidadãos. Mas sem querer ser profeta da desgraça, devo alertar para algo que vem por aí, já se vai falando aqui e ali, mas ninguém parece ter percebido muito bem. Trata-se do efeito da guerra na Ucrânia. Esse impacto da guerra ainda não se fez notar na nossa economia, se estiverem certas as minhas projeções tal irá acontecer duma forma mais efetiva, no final deste ano, início do próximo. Esses dois efeitos conjugados: inflação e guerra, irão criar um efeito complexo nas economias mundiais, e Portugal não será exceção com a sua economia periférica dependente do exterior. E se o turismo pode ajudar lá para o verão do próximo ano, não sei se será possível anular todos estes efeitos cruzados, a análise mais fina diz-me que não. Para tornar mais claro aquilo que pretendo dizer, utilizemos um exemplo, todos conhecemos o efeito catastrófico do terramoto de Lisboa em 1 de Novembro de 1755. Mas a maior devastação não foi tanto do terramoto mas do tsunami em três vagas que se lhe segui. Neste momento a economia está perante um cenário idêntico, salvaguardadas as devidas distâncias. O efeito inflação que no exemplo atrás será o terramoto, e depois o impacto da guerra que será o tsunami. Neste momento tudo parece calmo e controlado, mas em breve as coisas mudarão. Não tem a ver com qualquer tipo de governação, mas sim um efeito que o país não poderá evitar. E não será só em Portugal. A crise energética que já é visível mas é apenas a ponta do iceberg. Outros efeitos aparecerão e o governo apenas poderá tentar moderar esses impactos, que não evitá-los. Repito, o efeito guerra ainda não chegou como alguns andam por aí a dizer. O mar ainda vai estando mais ou menos calmo, mas em breve as ondas gigantes chegarão. Não se deixem amolecer porque nada nem ninguém o poderá evitar. Grandes mudanças e momentos menos bons irão aparecer. Mas como o Capitalismo funciona por ciclos, resta-nos a esperança que mais à frente tudo melhorará. O que não se sabe é quanto tempo irá demorar este ciclo.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home