Turma Formadores Certform 66

Thursday, October 27, 2022

"A Torre de Barbela" - Ruben A.

Na margem esquerda do rio Lima, existe uma antiga torre de vigia, tão antiga quanto o nascimento da nação lusitana (e a única torre triangular de toda a Península!). Nos dias que correm, a Torre da Barbela é um velho monumento, memória do Portugal inventado pelas patranhas de um fantasioso caseiro-guia. O que a centena de turistas enganados não sabe é que, após o horário de visita, os antigos Barbelas, vindos de oito séculos diferentes, ressuscitam e habitam os seus arredores. Publicado em 1964, 'A Torre da Barbela' é um espantoso retrato psicológico do país desde a sua fundação, que mereceu a Ruben A. o prémio Ricardo Malheiros, atribuído pela Academia de Ciências de Lisboa, em 1965. Quanto ao autor, Ruben Alfredo Andresen Leitão nasceu a 26 de maio de 1920, em Lisboa. Formado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Universidade de Coimbra, foi docente na área da Língua e Cultura Portuguesas na Universidade de Londres entre 1947 e 1952. Estreou-se em 1949 com 'Páginas', misto de diário e ficção, um texto que sairia ao longo dos anos seguintes, em seis volumes. Destacam-se ainda, na novelística, os romances Caranguejo (1954), narrativamente escrito de trás para a frente, sem numeração de página, e A Torre da Barbela (1964), onde o autor funde a ficção biográfica e a ficção histórica. A segunda metade da década de 60 será marcada pela publicação dos três volumes autobiográficos O Mundo à Minha Procura. A sua escrita distingue-se pelo recurso a inteligentíssimos jogos de linguagem, desconstrução dos eixos narrativos tradicionais, subversão cronológica dos eventos passados e, claro, pela crítica irónica a uma certa forma de ser português. Alguns meses antes da sua morte, foi convidado a dar aulas na Universidade de Oxford. Morreu em Londres, a 26 de setembro de 1975. No ano do centenário do seu nascimento, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa condecorou-o, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Um livro que recomendo vivamente. A edição é da Editora Livros do Brasil. Existe em formato normal e em edição de bolso.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home