O Orçamento de Estado 2023 anda por aí
O Orçamento de Estado para 2023 já anda por aí e será discutido em breve. A discussão será meramente formal porque o PS com maioria absoluta aprová-lo-á sem dificuldade. Assim esperasse que, a haver alterações, elas sejam um mero proforma e sem impacto. Já todos compreendemos que a inflação não é passageira mas para ficar afirmei-o vai para um par de meses neste espaço e não me enganei. O impacto desta terá um efeito imediato na desvalorização da moeda, o que trará um melhoramento do défice, mas terá também o efeito perverso sobre todos nós, isto é, implicando a perda do poder de compra. Isso não é culpa do governo como ouço por aí dizer, mas um efeito conjugado de vários fatores a que a guerra da Ucrânia não será o menor. Também já aqui tinha dito que o impacto desta guerra, que já começou a afetar vários países europeus, teria o seu impacto na nossa economia em finais deste ano, início do próximo. E assim se irá verificar. Mais um fator que nada tem a ver com a governação. Estou convicto que Costa pensava que teria um mandato tranquilo, mas este dois fatores vieram baralhar tudo isso. Fatores exógenos que não dependem de nós mas cujos efeitos acabaremos todos por pagar. É expectável que a Alemanha entre em recessão ainda este ano. Sendo a Alemanha o motor da economia europeia, é fácil concluir que os outros países terão alguma dificuldade em lhe escapar. Portugal ainda não está aí, mas outro cenário pode vir a posicionar-se no horizonte, para além deste, e não menos grave, o fenómeno da estagflação. Quer dizer, o efeito conjugado da inflação com a falta de crescimento económico, ou com crescimento débil, que é o que tem vindo a acontecer. Este efeito não parece estar contemplado no OE 2023. O governo certamente terá indicadores para analisar a situação e o seu impacto. O que advém de tudo isto é que a perda efetiva de salário será um dado, o efeito sobre as pensões será enorme, o custo de vida tenderá a aumentar brutalmente arrastado pelo setor energético que será aqui determinante. Mais uma vez, esta crise 'importada' será paga por todos, mas especialmente pela classe média e os pensionistas. Se os primeiros ainda podem conseguir atenuar os efeitos, os últimos não terão escapatória. Como já alguns meses atrás afirmei, tempos muito difíceis se aproximam. Já começamos a ter a perceção disso, mas a situação ainda se vai agravar mais. E o mais grave, é que não podemos fazer grande coisa para evitar isto, afinal somos uma pequena economia periférica com uma limitada capacidade de reação a estes fenómenos. Já passamos por momentos maus, parece que esses tempos voltarão de novo sob outra forma. A capacidade de qualquer governo de evitar isso é praticamente nula. Tudo o resto não passa de propaganda política a lembrar os tempos do 'quanto pior melhor'.
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