No rescaldo da JMJ 2023
Terminou ontem as JMJ 2023 com um tremendo sucesso. Portugal foi mostrado ao mundo através das imagens da RTP - a quem dou os meus parabéns - que abriram os telejornais por aí fora. Mas apesar deste sucesso há ainda quem pense em denegrir tamanho evento - há sempre alguém que o faz - pessoas que, talvez, nunca tenham tido capacidade de construir seja o que for. Com certeza que o mundo olhou para o que se passava entre nós e não ficou indiferente. Agora, há que fazer o inevitável balanço para se saber qual foi o retorno financeiro de tudo isto e se o ouve. Mas enquanto se vai apurando essa análise não posso deixar de tecer algumas linhas sobre o tema. Ontem causei incómodo quando disse que o Papa Francisco (que muito admiro por sinal) teria sido uma lufada de ar fresco. E foi-o sem dúvida. Todos sabemos que a resignação de Bento XVI se deveu, entre outras coisas, quando teve a noção do tsunami que aí vinha. Bento XVI era um intelectual e não exatamente um homem de ação. O Papa Francisco é precisamente o contrário. Que o digam os defensores LGBT que viram a maneira como os casamentos homossexuais foram olhados e o que foi dito. Que o digam os seus pares da Cúria, quando se tornou pública a questão da pedofilia da Igreja e o modo duro como Francisco tratou do caso. A maneira como lidou com a crise do Banco Ambrosiano quando outros o tentaram ocultar. Francisco fez sair muitos dos esqueletos que existiam nos armários do Vaticano e que não lhe trouxeram popularidade entre os seus. De facto, ele tem feito a diferença. Mas há sempre alguém capaz de ir buscar assuntos colaterais só porque sim. O caso de trazerem a questão animal para o meio das Jornadas, é bem evidente. Toda a gente conhecia o propósito e a agenda das JMJ 2023 há muito tempo. Todos sabiam que este tema não estava lá. Não porque não devesse, apenas não era tema desta altura. Pois logo apareceram algumas pessoas a tentar atirar lama sobre alguém. Só mostraram que a sua intenção era bem outra. Falar mal da Igreja neste momento virou moda e, para alguns, sinónimo de inteligência. Que pobreza intelectual anda por aí. A questão animal - que me é muito cara - não pode ser olhada com histerismos, gritaria, insulto. Porque nada disso beneficia a causa e os seus destinatários finais, os animais. Faz-me lembrar uma situação que se passou comigo há um par de meses. Fui convidado para almoçar na casa dum amigo. Um grande defensor da causa animal com obra feita e reconhecida por muitos de vós. Só que na mesa estava uma valente peça de carne assada. Questionei-o sobre isso, e ele disse-me apenas que a causa dele era para com cães e gato. (Pelos vistos os outros não eram animais dignos de serem defendidos). Casos destes de verdadeira estultícia existem muitos e talvez alguns de vós também conheçam. Nestes 'defensores de animais' não me revejo. Não venham com argumentos mais ou menos convincentes porque para esse peditório não dou. Até vi argumentos sobre a não ida à Ucrânia! Todos os argumentos serviram para apontar o dedo (tal como aqueles que queriam apedrejar a mulher adúltera). Mas deixe que vos diga o seguinte. O conflito entre a Ucrânia e a Rússia tem vindo, tanto quanto me é dado saber, a ser conduzido pela sua diplomacia. Não aquela em que os jornalistas são avisados para aparecer, mas a diplomacia discreta, invisível. Disso me chegou ecos dum conhecido vaticanista que muitos de vós veem variegadas vezes nos canais de televisão generalistas. Deixem-me que aqui faça um pequeno desvio para dizer que há uns tempos atrás alguém me questionou da posição da China e dos EUA. Na altura informei quem me contactou que a questão política fica muita vezes relegada para segundo plano face à questão económica. E neste caso é claro, a China detém uma parte substancial da enorme dívida americana neste momento. Só que a China quer dominar o mundo e não faz segredo disso, enquanto o Vaticano não, porque sabe que não o pode fazer, embora também detenha alguma dívida de alguns países. O Vaticano é um estado sem armas, a sua arma preferencial é a diplomacia e essa, podem crer, é muito eficiente. Há muita documentação para os interessados sobre este assunto. E, como me dizia alguém, nem sempre o caminho mais curto entre dois pontos é uma linha reta. O texto já vai longo e estes temas que aqui trouxe davam um livro com muitas páginas. Daí o falar apenas superficialmente e não aprofundar cada um deles, coisa que me agradaria fazer. Mas a título de conclusão, posso dizer que me senti muito satisfeito com as JMJ 2023. Como cristão, católico, defensor de animais e das minorias, vegetariano, sinto-me orgulhoso com o que vi. Não me senti incomodado com nada porque tudo decorreu 'à la lettre' conforme programa à muito conhecido. Foi um momento alto e Portugal saiu prestigiado deste evento. Parabéns aos jovens e à organização. Se alguns não se reviram nas JMJ 2023 pois terão sempre o campo fértil da crítica, do argumento fácil, terão no limite, a sua própria incongruência. Mas como diz o jargão popular 'temos pena'!
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