No rescaldo das eleições legislativas 2024
Depois de apurados quase todos os resultados (faltam os do círculo da emigração) pode dizer-se que a montanha pariu um rato. A AD ganhou por pouquinho face ao PS. é bom lembrar que a AD é uma coligação de três partidos - PSD, CDS e PPM - e que juntos ficaram quase ao nível do PS que concorreu sozinho, com um líder jovem e eleito à pouco tempo e com o inevitável desgaste da governação de oito anos. O grande vencedor foi o Chega que viu aumentado o seu número de deputados duma forma substancial. Curiosamente, o Chega tem uma forte concentração de votos no Algarve e curiosamente não conseguiu eleger nenhum deputado em Bragança, conhecida região de forte conservadorismo. Mas se falo em surpresa essa foi a do (quase) desconhecido ADN. Como é que este partido conseguiu cem mil votos penso que é um grande mistério. Há quem diga que ouve confusão com as siglas, mas isso não explica tudo. O ADN tornou-se conhecido da maioria dos portuguesas na campanha eleitoral embora com grande atividade nas redes sociais. Talvez estejamos à beira duma forma original de fazer política. É de facto um verdadeiro 'case study'. A CDU tende a desaparecer como vem acontecendo com os partidos comunistas depois da queda do muro de Berlim. Portugal é dos poucos países que ainda tem um paritdo comunista na representação parlamentar. O CDS que veio por interposta pessoa a entrar de novo da Assembleia da República, caso que jamais aconteceria se concorre-se sozinho. Eram visíveis os sorrisos largos dos centristas face aos sorrisos amarelados dos sociais democratas. Mas nesta embrulhada que resultou destas eleições é quase certo que o governo que for formado não durará a legislatura e julgo que muito brevemente voltaremos às urnas. Portugal está a seguir um pouco o que acontece na Europa, a saber, o eleitorado está a privilegiar uma fragmentação partidária em vezes das grandes formações institucionais. Isto pode levar a uma situação de ingovernabilidade que tornará a nossa democracia muito instável. O Presidente da República tem nas mãos um verdadeiro problema na indigitação do governo. Para que num cenário destes o governo dure seria necessário que houvesse um entendimento entre os PSD e o PS, coisa que parece pouco provável. Ou talvez não, evitando o protagonismo que o Chega tende a adquirir e com o qual Montenegro continua a dizer que não quer fazer acordos. A estabilidade governamental passa por um equilíbrio do chamado 'bloco central', independentemente de quem ganhe as eleições. Se isso não acontecer a instabilidade será a regra. É a isso que se chamam 'vitórias de Pirro' e nesta altura já muita gente deve ter pensado nisso.
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