Maria Barroso - A morte duma grande senhora
Fui surpreendido hoje, eram 5,30 horas da manhã, pelo falecimento da Dra. Maria Barroso. Figura ímpar do nosso país, atriz, ativista política, pedagoga e senhora duma enorme cultura. A notícia da morte era já esperada dado o estado em que se encontrava, mas é sempre uma surpresa quando acontece. Como já afirmei em anterior escrito sobre Maria Barroso, conhecia vai para quatro décadas. Desde logo fiquei esmagado pela cultura imensa que essa pessoa, pequena de estatura, continha. Comecei a admirá-la e a seguir o seu percurso. Conheci alguns dos seus testemunhos que muito me impressionara. Como era difícil ser mulher na época em que ela viveu! Sobretudo, ser mulher durante a ditadura do Estado Novo. Viu a polícia política invadir-lhe o domicílio a altas horas da madrugada para lhe levarem o marido, Mário Soares, preso e por mais do que uma vez. Viu-o ir para o exílio. Segui-o até lá. Parece que se agigantava à medida que as dificuldades se lhe deparavam no caminho. Durante muito tempo, foi mãe e pai para os seus filhos, mas isso não evitava a sua militância par além da sua atividade artística. Mais tarde, viria a ser uma das fundadoras do PS na Alemanha. Conheci-a já depois do 25 de Abril de 1974. Ficou-me na mente o grande perfil de mulher e de intelectual. E com que dignidade exerceu o cargo de primeira dama. Hoje, foi vencida pela vida, ela que sempre resistiu à força bruta com que a quiseram aniquilar. Tinha 90 anos, ela que nasceu a 2 de Maio de 1925 em Olhão e viria a falecer hoje em Lisboa. Uma vida longa e preenchida que agora chegou ao fim. A memória fica. O desígnio também, Descansa em paz, Maria Barroso!
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