Turma Formadores Certform 66

Friday, July 10, 2015

Os caminhos ínvios da política

Todos sabemos que a política tem caminhos tortuosos que nem sempre se compreendem. Mas há limites para um certo bom senso e razoabilidade. Desta vez, a estupefação tem origem no Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela boca da sua poderosa diretora-geral, Christine Lagarde. Ela que tão rígida e até fundamentalista para com os países resgatados, - e nós bem conhecemos o seu pensamento -, vem agora afirmar o impensável, é que "a dívida grega deve ser reestruturada"! A que se deve tal cambalhota? E porquê só a grega e não a nossa ou a irlandesa? É claro que Lagarde não pode ficar indiferente às afirmações de Barack Obama sobre conveniência da Grécia permanecer na zona euro. É certo que no tabuleiro da geopolítica, a Grécia ter uma importância vital, não só para a União Europeia (UE), mas sobretudo, para o Ocidente em geral. Daí o impensável, mas também o curioso, visto só agora o FMI tomar esta posição, precisamente na altura em que a Grécia se recusa a negociar com ele, tendo até, entrado em "default" a semana passada. Caminhos ínvios estes o da alta política. Quanto a Portugal ou à Irlanda, o caso é bem diferente. Somos países pró-ocidentais, e que não têm interesse estratégico para o Ocidente, logo, para os EUA. Portugal foi perdendo essa influência a partir dos anos 90, bem longe do papel relevante que teve nos anos 30, aquando da II Guerra Mundial e depois com a guerra fria que veio a terminar com a queda do muro de Berlim. Daí a exceção para a Grécia estar bem demarcada, O que ainda me espanta é a toda poderosa Lagarde vir a ceder aos interesses dos EUA. (A política sempre se sobrepõe à economia). Ela que nos últimos tempos tem defendido posições no mínimo estranhas, como aquela quem que era "preciso fazer algo face à longevidade dos velhos, sem o qual, poderiam vir a sentir-se efeitos negativos na economia mundial"! Enfim, Lagarde igual a si própria. Quanto à Grécia, apesar das suas enormes dificuldades, apesar do seu incumprimento, apesar da terrível situação que está a viver, parece ter mais "compreensão" que o nosso país. Isto de ser "bom aluno" também tem destas coisas! Estou convencido que a Grécia permanecerá na zona euro apesar de tudo, - quanto mais não seja pelo receio do que a sua saída poderá implicar -, mas também estou certo de que, tal como a Grécia, nós seremos incapazes de pagar a dívida, a menos que ela seja reestruturada. Basta ver a situação do incipiente crescimento económico, o elevadíssimo desemprego, a inexistência de investimento, (até a taxas negativas, basta ver o que se passa ao nível da Formação Bruta de Capital Fixo se lhe retirarmos os Consumos Intermédios verificamos que a Formação Bruta de Capital Líquida até é negativa. Contas que um qualquer aluno dos primeiros anos de Economia sabe fazer). Por isso, ainda há muita estrada a percorrer. Desde logo para a Grécia, mas também para nós. Mesmo que a Grécia permaneça na zona euro. Basta ver o que aconteceu quando a Grécia abandonou a mesa das negociações. As bolsas que de imediato mais caíram foram a de Lisboa e a de Milão, logo, com o tremendo impacto a sua dívida acumulada. Para bom entendedor!...

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