Intimidades reflexivas - 504
"Quando Políbio de Megalópolis decidiu fazer um registo dos acontecimentos mais significativos do seu tempo, pensou que seria apropriado começar por demonstrar, com base nos factos, que os romanos não ganharam um grande império nos 600 anos que se seguiram à fundação da cidade, mesmo que tivessem estado regularmente em guerra com os seus vizinhos durante todo este período. Pelo contrário, tal ocorreu apenas depois de eles terem conquistado uma parte da Itália e de voltarem a perdê-la após a invasão de Aníbal, a derrota de Canas, e só depois de terem realmente visto do alto das suas muralhas a ameaça inimiga. Só então começaram a ser bafejados pela sorte, e em menos de 53 anos assumiram o controlo não apenas de Itália, mas também de África. Os povos ibéricos do Ocidente a eles se submeteram. Lançando-se num outro e ainda maior projeto, atravessaram o Adriático, conquistaram os gregos e dissolveram o Império da Macedónia, capturando vivo o seu rei e levando-o para Roma como prisioneiro. Ninguém podia atribuir este sucesso exclusivamente ao poder do homem. A explicação tem de residir no imutável plano dos Destinos, na influência dos planetas ou na vontade de Deus, que favorece todos os empreendimentos humanos desde que eles sejam justos. Porque estas coisas estabelecem um padrão de causa que leva a que os acontecimentos futuros sucedam de forma semelhante e que mostra como são justos os que acreditam que os assuntos dos homens são desígnio da Divina Providência. Assim, quando a sua energia é despertada, eles florescem; mas quando desagradam aos deuses, os seus assuntos caem num estado como aquele que agora existe. A verdade desta afirmação será demonstrada pelos acontecimentos que agora relato." - Zósimo, História Nova, 1.1.1-2
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