No turbilhão das memórias (ou o prenúncio do Natal)
Estamos em Dezembro. Mês que por si só me trazia as delícias numa outra idade, de mais inocência, de mais ingenuidade. Era o aproximar do Natal. O sentido dos brinquedos que por aí vinham era o motivo maior, numa época em que só se recebiam brinquedos nessa altura e, talvez por isso, lhe dávamos mais valor do que as crianças de hoje. Se nessa altura da minha meninice isso eram rosas, mais tarde foram cardos, numa altura de mais incompreensão que outros, talvez por não tolerarem a felicidade alheia que não tinham nas suas casas, não toleravam que nós a tivéssemos. Mas isso foi um outro tempo que já passou e do qual não quero fazer memória. Hoje já no Outono tardio da minha vida a caminho dum Inverno final, este tempo é o de saudade, mas também de dor dos ausentes que povoam o meu imaginário, e são já muitos. Daí que a felicidade deste mês, o tal do Natal, por vezes é incómodo, porque é um repositório de memórias nem sempre as mais agradáveis. Mas hoje quero-vos trazer uma daquelas recordações maiores da minha meninice. Tal prende-se com uma série de fotos sobre as decorações natalícias que sempre fazem a aparição cá por casa nesta altura. E a foto é pungente, porque carregada de memórias. O Pai Natal da esquerda foi comprado quando eu tinha cerca de 4 anos de idade, num célebre bazar na Rua de Cedofeita e que, infelizmente, já não existe. Tratava-se do Bazar dos Três Vinténs, que muitas delícias fez a muitas crianças e que me pregava na vidraça enorme para o meu tamanho de então, no colorido das montras, que ocupavam o meu imaginário. O Boneco de Neve é mais recente, uma brincadeira da minha mãe vai para um par de anos. E aquela gaiola com o papagaio dentro, esse é muito mais antigo. Vem dos tempos da meninice da minha mãe. Tem seguramente mais de 80 anos. E ainda cá anda apesar do tempo. Todos os anos o coloco na árvore ou então no meu escritório, como foi o caso este ano, bem junto de mim, e que me faz lembrar a sua memória, duma mãe alegre que nesta altura ia fazer a árvore, essencialmente para mim, e a alegria que via no brilho dos meus olhos era para ela a sua felicidade. Que recordações meus amigos. Numa casa mais modesta, com gente simples, mas acolhedora, esse era o meu sentido do Natal, do presépio, quando o meu avô fingia que se ausentava da mesa para ir buscar qualquer coisa, e punha na chaminé, uma daquelas verdadeiras que já não se usam, junto do fogão a lenha de então, os brinquedo que
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