Turma Formadores Certform 66

Monday, January 25, 2016

A história que se repete

Mais uma vez, assistimos ao mesmo. A indefinição do Partido Socialista (PS) a abrir alas à direita. Aconteceu assim a quando da eleição de Cavaco Silva e deu no que deu. Ontem repetiu-se de novo. Compreendo a dificuldade do PS em tomar posição. Afinal uma das suas militantes mais destacadas - Maria de Belém Roseira - antiga presidente do partido, tinha-se candidatado a Belém, já depois dum certo apoio tácito do PS ao Prof. Sampaio da Nóvoa. Essa particular situação, levou a que o PS não tivesse muito por onde caminhar. Ou apoiar Nóvoa contra uma sua destacada militante, ou apoiar Maria de Belém depois do apoio tácido dado a Nóvoa. Neste emaranhado de situações, acrescido com a proliferação de candidaturas (nada mais, nada menos do que dez) levou a uma proliferação de votos que beneficiava o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa. A grande abstenção, que normalmente prejudica quem vai à frente, parece que desta vez teve um efeito perverso. Seja como for, esta tempestade perfeita serviu a candidatura de Marcelo. Mas dizer que a direita ficou contente parece ser redutor. Todos sabemos do incómodo duma certa direita ultraliberal em aceitar Marcelo - o "catavento político" como lhe chamou Passos Coelho - que apenas lhe deu apoio duma forma distante e tímida, porque contrária aquilo que pensavam dele. Mas o povo falou e escolheu e nada mais há a dizer. É isso a essência da Democracia. Mas estou curioso para ver o que Marcelo irá fazer. Ele que preparou meticulosamente ao longo de dez anos esta candidatura nos espaços televisivos em que participava. Para além da sua habilidade política, ainda restam algumas dúvidas. Porque ser comentador de tudo nas televisões - até de futebol - ou entrar em pastelarias, não é tudo, há muito mais a esperar dum Presidente da República. Será que vamos ter uma versão Cavaco revista e ampliada? Talvez, embora ache que Marcelo é suficientemente inteligente para se afastar do óbvio. Será que a estabilidade política ganhou com esta eleição? Não sei, o tempo se encarregará de dar resposta a isso. Demasiadas interrogações logo no dia seguinte, o que vem provar que toda a gente queria Marcelo, mas... Agora é tarde. A História repetiu-se de novo. Uma esquerda que não foi capaz de apresentar um candidato consensual. Uma militante do PS que apenas surgiu para atrapalhar. Talvez tivesse sido essa a intenção. Seja como for, Marcelo aí está, - embora pareça que ninguém (do espetro político) tenha ficado demasiado eufórico com isso - a encher o espaço das nossas vidas e, também, o espaço televisivo. De novo!... Mas agora, depois da refrega eleitoral, é hora de nos voltarmos para o país, pelo bem dos portugueses e de Portugal.

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