Turma Formadores Certform 66

Tuesday, March 01, 2016

A crise do sistema financeiro

Temos vindo a assistir a desenvolvimentos preocupantes do sistema financeiro português. É certo que o sistema financeiro mundial está doente desde a implosão do Lehman Brothers, do qual nunca recuperou totalmente. Quando hoje se fala nos juros e na possível desconfiança da Europa face a Portugal e ao atual governo, tudo não passa duma falácia. Que possa haver alguma expectativa, pois é verdade. Que a perturbação dos mercados tenha a sua origem aqui, nem pensar. Já depois deste governo ter sido empossado, as 'yields' a períodos mais longos até continuaram negativos. Não porque somos melhores, ou o governo mais credível, apenas porque somos um país periférico e pobre que em nada influencia esses areópagos de decisão. O problema fulcral é que a Alemanha, o centro europeu por excelência, está também a braços com a crise sistémica bancária de que o recente caso do Deustche Bank é o exemplo. E quando o ministro das finanças alemão estava tão irritado em Bruxelas, isso era bem o exemplo do mal estar provocado pelo problema dentro de portas, precisamente do país que apontava o dedo aos outros e que se julgava acima de toda esta embrulhada. Mas não. A crise sistémica da banca aí está e está para durar. Entre nós o problema assume particular acuidade porque a banca sempre foi frágil e esta crise pode vir a ditar o colapso do sistema bancário português. A descredibilização é enorme, a desconfiança é muita. Como vem correndo nos corredores frequentados por economistas, ou esta crise é urgentemente superada ou em breve não existirá banca portuguesa no ativo. A banca estrangeira começa a ocupar cada vez mais o espaço que pertencia aos portugueses e os depositantes vão acreditando mais em bancos estrangeiros que parecem mais sólidos e abrigados da trapalhada em que os portugueses são exímios. Esta é uma história antiga. Aconselho-vos a que leiam o nosso Eça de Queiroz, que tantas vezes aqui trago, porque lá encontrarão muito daquilo que se passou no século XIX e que não fomos capazes de aprender. A banca nacional está profundamente doente embora nada seja dito aos depositantes por motivos óbvios. Será urgente ultrapassar tudo isto, caso contrário, a falência do sistema será total, o que provocará um grande abanão na economia nacional. E não será por termos este governo que tal acontecerá. É bom que interiorizemos isto. Se nada for feito, dentro de dois ou três anos não teremos banca nacional. Os problemas são muitos e a capacidade de os ultrapassar está a tornar-se num caminho cada vez mais estreito. É urgente que todos tenhamos consciência desta situação e não andar embalados nos braços de Morféu como se tudo não passasse duma desenfreada visão apocalítica, inconsequente e sem sentido.

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