Turma Formadores Certform 66

Wednesday, May 18, 2016

As pequenas grandes coisas da vida

Um destes dias irrompeste nossa casa adentro. Em correria desenfreada como muitas vezes acontece. Logo na entrada me perguntaste pela 'mamie' (a tua madrinha). Trazias na mão um papel muito dobradinho e que não quiseste partilhar comigo. Era para a 'mamie' e pronto! Subiste a escadaria e logo correste para ela que te esperava no cimo. Alegre e prazenteira quiseste ir até à mesa mais próxima para mostrar o que trazias. E trazias um belo desenho, onde colocaste o teu nome à nossa frente. Ofereceste-lo à 'mamie' com todo o carinho e amor, de sorriso rasgado como costumas ostentar.  A 'mamie' comoveu-se, mirou-o e remirou-o. Olhou para ele como se fosse um valioso tesouro. E era. Tudo o que lhe dás, ela guarda com o maior carinho. Um dia te há-de mostrar essas coisas simples e pequenas, - as pequenas grandes coisas da vida - mas valiosas para ela e para mim. Porque foram feitas por ti. Tiveram o teu cunho simples de criança. Mas feitas, certamente, com muito amor. Um amor igual àquele que sentimos por ti. Coisas valiosas essas, sim. Como valiosa és tu para nós. Coisa pequena, mas para nós enorme. Um símbolo de amor, daquele amor que sentes por nós e que nós nos esforçamos por retribuir. Talvez desajeitadamente. Afinal já somos velhos, - demasiado velhos face à tua idade -, mas ainda com um enorme amor para dar. O amor à filha que não tivemos. O amor à neta que não temos. Mas temos-te a ti. E basta! Preenches os nossos espaços, os físicos e do coração, mas também os outros, os das emoções, dos sentimentos. Este ano desenvolves-te uma relação especial com a 'mamie' - a tua 'mamie' como por vezes dizes - nesse teu vocabulário ainda simples mas aconchegante. Essa relação tem abrilhantado os dias, - os teus dias -, mas também, os dias da 'mamie'. E eu, lá ando por perto, qual inseto esvoaçando daqui para ali, para te fotografar, para te filmar, para no fundo, te eternizar para o futuro. Essa memória futura ficará registada. Ela será o ilustrar da curiosidade que um dia terás olhando para aqueles dias de quando foste uma bebé, e mais tarde, uma menina a caminho dos cinco anos. Ficará também um testemunho daquilo que sentias por nós nesses tempos  e daquilo que nós sentíamos por ti. Talvez nessa altura já cá não estejamos para o ver e sentir. Mas isso não é o mais importante. Porque esse amor vai para além da barreira material e física. Esse amor prolongar-se-à no tempo, mesmo quando esse tempo já se tiver escoado para nós. Mas ele permanecerá sem barreiras porque é sincero e sai do fundo do coração. Talvez um dia percebas isto. Para além de tudo aquilo que se cruzará na tua vida, este amor ocupará sempre lá um espaço. Aquele espaço enorme, avassalador, aquele sentimento de termos vivido e conhecido a plenitude da felicidade. Esse é o amor puro e sincero. Aquele que será perene e que, estamos certos, que nunca renegarás. Esse é o amor para lá do imediato. Esse é o amor que atravessa o tempo. Esse amor é, e será sempre, incondicional. Esse amor, és tu!

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