Turma Formadores Certform 66

Monday, December 19, 2016

Uma espécie de mensagem de Natal

E aqui estamos de novo, chegados ao Natal. Época de meditação, mas também de muita hipocrisia. Confesso que o encanto do Natal já o perdi vai para um par de anos, do Natal das luzes mais ou menos exuberantes, das músicas 'à la carte', da comezaina como se não houvesse amanhã, dos presentes por vezes inúteis mas que a sociedade consumista faz parecer essenciais. Deste Natal estou farto. Do outro não. O Natal espiritual, de introspeção, aquele Natal que celebra uma vida nova, frugal e profunda, que cada vez menos se vê por aí. Aqui à uns dias, fiz uma pesquisa num desses motores de busca, para encontrar presépios de Natal. Em grande demanda me meti. Vi luzinhas mais ou menos bonitas, vi árvores de Natal, vi presentes e sei lá mais o quê, e apenas dei com um presépio lá perdido no meio disto tudo. E porquê ser assim? Porque a sociedade esqueceu à muito o Natal e o seu significado, antes substituindo o real simbolismo pelo consumismo exacerbado, que nós, por vezes sem dar por isso, transportamos para dentro de nossas casas. Temos tudo, mas não temos o essencial, não temos o Natal que era nossa intenção celebrar. Quantos de nós pensam nisto? Talvez ninguém ou, seguramente, muito poucos. Quantos de nós aconchegados em casas confortáveis, de mesa farta, nos lembramos dos nossos irmãos que vivem sem teto, sem mesa, sem conforto, sem amor? Quantos de nós, no aconchego da sua concha, se lembra dos animais que estão em sofrimento, ao frio, à chuva e à fome, - enfim, à inclemência dos elementos -, sem que nos retiremos do nosso conforto para os ajudar? Quantos de nós, olha para a natureza com respeito, sem se entediar, logo compensando com mais uma rabanada, ou com uma peça dum pobre animal morto para satisfazer a gula de momento, e assim aliviar a sua pesada consciência? Enfim, quantos celebram verdadeiramente o Natal? É esta a interrogação que me persegue vai para um par de anos. E, confesso, que a resposta a tão profunda questão não é fácil e imediata como se pensa. Meu amigos, este vosso Natal, - o Natal da maioria das pessoas -, não é o meu Natal. Também pensei assim, mas fui-me aprimorando no pensamento ao ponto de já não me rever nessa espécie de festa a que chamais Natal. (Porque se fala tanto de paz e amor agora, quando se esquece deles durante o resto do ano? Porque se pratica a caridadezinha inconsequente e de ocasião, e não se faz a caridade durante os outros dias?) Transformamos uma das épocas maiores do nosso calendário cristão, num ato hipócrita, adulador, bem longe do seu significado. E até para aqueles que acham que o Natal não tem sentido, - gente que pela sua 'cultura' está acima das minudências deste mundo -, porque o celebram? Melhor, porque dizem celebrar uma coisa que negam existir? Logo aparecerão prazenteiros, aqueles que de inteleto fácil, agil e inconsequente, a dizer que é a tradição! Coisa estranha essa a tradição que dá cobertura a tudo até à ignomínia humana. Este definitivamente não é o meu Natal. O Natal que celebro é interior, - abstraindo-me dos ruídos à volta a que o mundo me expõe -, e celebrando bem intimamente o Natal, O meu Natal, aquele que mais se ajusta à frugalidade - e fragilidade -  da criança cujo nascimento celebramos. Bem longe do Natal dos presentes, das luzes a brilhar, da mesa farta. Este é o meu Natal e sê-lo-á para muitas outras pessoas. Poucas necessariamente. Mas certamente aquelas que celebram bem o seu espírito e essência. Bom Natal a todos.

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