Expectativas
Qualquer aluno de Economia, logo nos primeiros ensinamentos que colhe, aprende que a Ciência Económica é baseada nas expectativas. Ao princípio custa a aceitar, mas com o evoluir do curso e, sobretudo, olhando para a realidade, vemos que é assim mesmo. E trago-vos esta ideia aqui porque é de expectativas que vos quero falar. Como sabeis, tenho por hábito fazer exercício pela madrugada adentro. E é ai que nos confrontamos com um outro país, bem diferente daquele que vemos quando a luz nos abraça a todos. Aqueles mais necessitados, a tal pobreza envergonhada, quais 'zombies', deambulam aqui e ali em busca de algo. Já disso vos fiz, neste espaço, dramáticos relatos por diversas vezes. Mas é em torno desta realidade que o mais curioso acontece. Bastou a mudança de governo para que as tais expectativas se alterassem e o comportamento, que é condicionado por elas, também. Pouco mudou realmente na economia portuguesa. Tirando o discurso a situação de fio de navalha em que vivíamos continua. Mas a aparência do real parece, ilusoriamente, dizer-nos algo bem diferente. E aquela pobreza oculta e envergonhada que pela calada da noite enxumeava os contentores do lixo em busca de algo, foi-se tornando paulatinamente, cada vez menor, ao ponto de quase desaparecer. Curiosamente, hoje quando passo, quase que não encontro ninguém daquelas pessoas que, durante muito tempo, via dia após dia. É muito interessante ver o que acontece quando se criam novas expectativas, que até poderão ser ilusórias, mas que transmitem um sentimento de maior segurança junto do cidadão. Esta é uma realidade que só vem confirmar aquilo que antes disse. A Economia é sem sombra de dúvida uma ciência baseada nas expectativas. Assim, simplesmente! Nem mais.
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