Morreu o arquiteto da democracia portuguesa
Hoje, sábado, faleceu o antigo primeiro ministro e presidente da República Portuguesa, Mário Soares. De combatente anti fascista desde a juventude, - treze vezes preso e até deportado -, ele viria a ser a referência para a democracia que hoje se vive entre nós. Conheci-o a ele e à Dra. Maria Barroso, sua esposa, nos idos de 76 do século passado, no Porto. (Não era então, nem nunca viria a ser militante partidário de nenhum partido do nosso espectro político, mas nessa altura, jovem estudante, e como todos os estudantes dessa época, todos queríamos participar e ser parte da História que em Portugal se ia fazendo dia a dia). Perante uma Maria Barroso de forte cultura, uma figura tutelar, mas mais austera, Mário Soares era, já nessa altura, um bonacheirão, que amava o bom convívio e a boa mesa, não dispensando uma boa anedota. Recordo-me da maneira como então o vi, a maneira como se nos dirigiu, não sabendo ainda duma forma tão evidente, o que ele iria marcar o nosso regime democrático. Foi uma figura central em todo o processo, evitando deslizes, quer à direita, quer à esquerda, que então eram fáceis de acontecer. Nem tudo o que fez, fê-lo bem, mas quem o conseguiria, com tudo o que de relevante ele teve que integrar no conturbado processo de consolidação democrática onde acontecia tudo ao minuto, quase sem tempo para se reagir. Haverá quem esteja triste com esta perda, mas haverá também que fique contente. Mas o que não se pode negar é o papel relevante que teve ao longo da sua longa vida política. Portugal, queiremos ou não, muito lhe deve. É uma figura da nossa História. Ele já é História de Portugal, gostemos ou não. Descansa em paz, Mário Soares!
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