Turma Formadores Certform 66

Friday, February 17, 2017

Porque não vou ler o livro de Cavaco

Ontem foi apresentado no CCB em Lisboa o livro do ex-Presidente da República, Cavaco Silva, com o título, "Quintas feiras e outros dias". Pela máquina envolvida e pelo tempo político escolhido, confesso que esperava mais. Mas, se a impressão já não foi a melhor, ainda pior é o aspeto laudatório do mesmo, como se Cavaco tivesse a necessidade de voltar a aparecer, depois de ter a noção de que já ninguém se lembra dele, face ao baixo índice de popularidade que registava a quando da sua saída de cena política. (Caso invulgar na História deste país é bom lembrar). Sempre achei curiosa esta maneira de se dizer que se está fora da política e vai-se aparecendo aqui e ali, para combater o olvido. Fico sempre com aquela imagem dum político doutro tempo, - curiosamente do mesmo partido de Cavaco -, que dizia que "ia andar por aí". Enfim, coisas sui generis da nossa política. Mas voltemos ao livro que não li. Basta olhar para o índice do mesmo, para sabermos o que nos espera. Olhei para ele e verifiquei que a maior parte do livro era uma espécie de ajuste de contas com a governação de José Sócrates. Contudo, é preciso não esquecer o "namoro" que foi a governação de Sócrates e a presidência de Cavaco, durante muito tempo. Será que Cavaco já não se lembra disso? Mas também gostava de ver tratados os casos do BPN e do BES, - matérias tão caras ao professor de Economia -, e nada vi sobre isso. Até fiquei na dúvida se esses casos aconteceram num outro país que não aquele a que Cavaco presidia. Também acho curioso, quando se fala do travão às obras faroónicas, e logo vindo de quem também teve a sua "pirâmide", precisamente, o local onde apresentou este seu livro, o CCB. (Aos mais interessados convido a que consultem os media da época e vejam o que lá se dizia e o que respondia Cavaco). Mas também seria interessante falar do período em que Cavaco foi primeiro ministro. Não foi a ele que se deve a destruição da agricultura e das pescas, quando a troco dum punhado de euros de Bruxelas, mandou retirar as vinhas e destruir as embarcações? (Coisa que aliás os espanhóis não fizeram e é vê-los bem à nossa frente nestas matérias). Dir-me-ão que o livro é só sobre a presidência da República. Mas seria bom que Cavaco também se lembrasse de escrever sobre outros tempos. Todos sabemos desde há muito que Cavaco "nunca se enganava e raramente tinha dúvidas". Mas mesmo assim, não seria dispiciendo vir a terreiro também "prestar contas aos portugueses". (E já quando tenta fazer a ponte para a governação de Costa - até pelo pouco tempo que conviveu com ele - me parece um exercício no mínimo questionável). E, se estas razões já são bastantes para me recusar a ler o livro, ainda foram ampliadas pela senda laudatória do seu exercício político. Confesso que me sinto sempre um pouco confuso quando vejo políticos - sejam eles quem forem - a publicar livros em que se auto elogiam pelo trabalho feito. Fico sempre com a impressão de quem o faz, parece não estar seguro do que fez e do reconhecimento dos seus concidadãos, e vá que não vá, lá aparece o livrinho para ficar uma espécie de "memória". Seja como for, estão aqui demasiadas razões para não perder tempo com este livro. Definitivamente, não me interessa a "fofoquice" política, nem o auto elogio serôdio. Penso que existem coisas mais úteis nas livrarias para alimentar o meu intelecto do que livros destes. E é isso que vou fazer já de seguida.

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