Turma Formadores Certform 66

Tuesday, April 25, 2017

43 anos depois

Já 43 anos passaram sobre a madrugada libertadora de Abril de 74. Muitas expectativas criadas que não passaram disso mesmo, muitas promessas por cumprir, muitos avanços e recuos. Mas a História dos povos é feita disto mesmo. De sobressaltos, de desalentos, de frustrações. Mas valeu a pena! E só não pensa assim quem, ou era apaniguado do velho regime dito 'Estado Novo' com todos os seus privilégios, ou por desconhecimento do que então se vivia entre nós face ao mundo exterior. Por circunstâncias da vida, como aqui já disse algumas vezes, desde cedo viajei muito. Conheci outros continentes, outros países, outras gentes e culturas, e isso levou-me a olhar para o meu país e não gostar do que via. Um país cinzento, perdido num canto da Europa, com a ilusão imperial que todos já tinham abandonado, pensando ser a referência do mundo, quando era apenas um pequeno país ignorando e ignorante. Que o digam os muitos emigrantes que se espalharam pela diáspora. Eles sabem bem o que passaram, as humilhações que sofreram, as desilusões que sentiram. Como eram olhados e o que diziam deles. E disso até posso dizer que dou testemunho porque vi algumas coisas que não gostei no modo como eram tratados os nossos compatriotas noutras paragens. Dir-se-á que passados todos estes anos, as coisas não mudaram assim tanto e que as dificuldades são as mesmas. Aparentemente, e para muitos, poderá ser assim. Mas muito mudou. a maneira como somos vistos no exterior, o nível de vida que temos, o desenvolvimento que Portugal teve nestas mais de quatro décadas, é por demais evidente e não pode ser negado.Claro que muito há a evoluir. Afinal um país é uma entidade em construção permanente, não se esgotando num modelo que se fecha sobre si próprio como definitivo. Um país sofre influências de outros países, povos e culturas, e isso tem impacto sobre nós, tal como nós, influenciamos outros. E num mundo em conflito latente, onde nem sempre as vozes dos povos são ouvidas, que valor tem a liberdade. Desde logo, a liberdade de se exprimir sem medos ou receios, a liberdade de pensar sem ser às escondidas com medo que alguém descobrisse os nossos anseios, a liberdade de sermos gente e não uma massa amorfa sem direito a opinião. Ao fim de todo este tempo e olhando para trás, vemos que muito foi feito. O país que temos hoje nada tem a ver com a pequena aldeia chamada Portugal, de há 43 anos atrás. País pequeno de gente pequena. Porque quem se atrevia a pensar de modo diverso, acabava nas prisões, sujeito à mais abjeta tortura, mesmo enfrentando a morte, ou então na guerra colonial, ou ainda, e para evitar mais dissabores, fazia a mala e fugia do seu país, muitas vezes a salto, com apenas o indispensável consigo. Tempos cinzentos e tristes estes que então vivíamos. Só por isso o 25 de Abril de 1974 valeu a pena. Porque deu a liberdade a um povo e devolveu a dignidade a uma nação. O 25 de Abril inscreve-se por tudo isso, nas grandes páginas da nossa História, por mais que outros achem o contrário. Uma História virada para o futuro, e não uma História feita de passado, de glórias esquecidas, ou conquistas que já nada dizem a ninguém. A História é algo de dinâmico, bem longe daquela outra bafienta, encerrada em livros cheios de pó. Essa é importante com certeza, até para lermos no passado os erros cometidos para não os voltarmos a repetir. 43 anos depois é caso para dizer, valeu de facto a pena. Viva o 25 de Abril!

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