Turma Formadores Certform 66

Thursday, August 24, 2017

No romper da madrugada

Lá vou continuando com as minhas habituais estiradas diárias para ir mantendo alguma forma física. (E ainda com tempo para fazer uma foto). Mas quando se anda pela madrugada por vezes vemos coisas e gentes estranhas. Hoje quando saí vi aqui bem perto um grupo de jovens que se divertiam - se se pode chamar diversão a um chorrilhos de palavrões que trocavam entre si fruto da débil ou nenhuma educação que tiveram em casa, onde na maioria dos casos se fala da mesma maneira - mas eles lá ficaram com as suas vozes estridentes a cortar a noite. (5,30 horas da madrugada e ainda é noite cerrada. As noites, nitidamente, estão a ficar mais longas). Mais adiante era a carrinha que vem recolher o lixo digamos, não convencional, que passa normalmente fora de horas para causar o mínimo transtorno ao trânsito. Uns quilómetros mais à frente pessoas que, sós ou acompanhadas, apenas querem desfrutar da noite e ver o amanhecer. Um pouco mais abaixo, um homem de meia idade vociferava à porta duma farmácia. Foi ver o que se passava. A razão era das mais prosaicas. Ele queria comprar um preservativo mas não tinha dinheiro trocado. Falou ao farmacêutica que estava de serviço e ele ter-lhe-á dado uma forte reprimenda. A 'lady of the night' aguardava mais à frente, certamente divertida. (Quando se rompe a noite a horas tão esconsas, por vezes, deparámo-nos com pessoas as mais bizarras e as situações menos ortodoxas). A noite é propícia a isto tudo! E hoje estava uma daquelas madrugadas propícias ao exercício. Temperatura fresca, nevoeiro cerrado, aquela cassimbada que vai caindo com cheio a maresia. Um tempo bem agradável para aquilo que me propunha fazer. Nos auscultadores a sempre música clássica soava. Desde a veemência da música de Richard Strauss, até ao embalar da música etéria de J.S. Bach, já para não falar, nessa peça magnífica, e tão apropriada ao momento, o 'Amanhecer' de Sibelius. Música que me deleita e me ajuda a fazer mais e mais estrada. Fui cortando a noite e sempre aquela sensação de humidade no rosto e no corpo que tanto me delicia e ajuda ao esforço. Cheguei cerca de uma hora e vinte depois e ainda a noite não se tinha despedido de todo. Mas, mesmo com dificuldade, o dia lá ia fazendo a sua apresentação. Mais um apenas dos que restam na vida de um homem.

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