"Origem" - Dan Brown
Mais uma obra de Dan Brown apareceu nas nossas livrarias, este com o Título 'Origem'. Dan Brown sempre tem pisado os caminhos da simbologia, essencialmente religiosa, sobretudo, e talvez por isso mesmo, desde o seu famoso 'bestseller' 'O Código Da Vinci', que é considerada a sua obra maior. Este novo livro não foge à regra, mas confronta-nos com algo bem mais atual, que se prende com a evolução tecnológica. Esse novo deus que vai ocupando cada vez mais espaço nas nossas vidas. Basta sair à rua e ver como as pessoas andam agarradas aos seus 'smartphones', quase indiferentes ao mundo que as rodeia. Esse 'Technium' que vai ocupando os nossos espaços pode vir a ter consequências perigosas. (Assumindo-se até como uma nova era). Já há muito tempo que se fala da evolução da chamada Inteligência Artificial (IA). Muito já até foi avançado pelas artes, nomeadamente, pelo cinema. Alguém me dizia há um bom par de anos, que a indústria cinematográfica era uma espécie de campo para se ir fazendo a transformação das mentalidades dos seres humanos. E posso dizer que até subscrevo isso mesmo. Muitos de vós terão certamente visto um filme muito interessante que a RTP 1 passou na passada segunda feira sobre o chamado grupo de Bilderberg. O filme chamava-se 'Bilderber - o filme'. (Filme que aqui fiz referência na passada terça feira). Nele se falava numa nova ordem mundial que este clube vem defendendo, tanto quanto se sabe, dentro do seu habitual secretismo. E nesse filme - baseado num livro que se tornou famoso há alguns anos - falava-se na maneira como a inteligência artificial será cada vez mais evoluída ao ponto de superar o próprio ser humano que passa a ser descartável. Esta ideia está desde a década de 70 presente na saga da famosa 'Guerra das Estrelas' que tantos seguidores tem em todo o mundo. Desde os robôs que compõem os exércitos, às naves ultrasónicas, tudo aquilo a que estamos a assistir hoje, parece um 'déjà-vu' dessa saga. Ainda me lembro de na minha juventude me questionar sobre algumas coisas que ali se viam como fantasias, e que muito rapidamente, entraram no nosso dia a dia. É disto que nos fala Dan Brown. Dum mundo onde os computadores adquirem uma certa 'vida própria' - veja-se o 'Winston' - superando em muito o ser humano, pela maneira rápida e ágil de fazer aquilo que um ser humano faria em muito mais tempo. E essa IA está entre nós, sem que dela nos apercebamos devidamente, - banalizando-a até -, sem que entendamos que cada vez mais o ser humano é substituído por uma máquina que é fria, racional e, sobretudo, eficiente. Essa assunção do tecnológico que nos esmagará um dia. Alguém dizia que 'enquanto os computadores não forem racionais, não me preocupo', mas o certo é que cada vez mais eles são racionais parecendo, aqui e ali, adquirirem vida própria. As novas gerações, que hoje idolatram as novas tecnologias, poderão ser as principais vítimas delas próprias, sem que se apercebam disso. Este livro interroga-nos muito sobre tudo isto. Um verdadeiro alerta nos nossos dias. Quanto ao autor, dispensa apresentações. O seu palmarés já é por demais conhecido e cada livro seu é sempre esperado com ansiedade. A edição é da Bertrand Editora. Um livro que recomendo vivamente. Mais do que um romance, um 'thriller', este é um livro que nos interpela e nos faz pensar. E é com esse espírito que deve ser lido, na minha opinião.
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