O recomeço de um novo dia
A noite ainda reinava. Temperatura baixa embora amena para a época. Chuva miúda a cair suavemente. As condições ideias para o meu 'jogging' matinal. Como gosto de exercitar os músculos com esta temperatura e com aquela sensação balsâmica de frescura que a chuva leve transmite ao bater no rosto. Em lá fui estrada fora com os pés a atropelar as poças de água que se tinham formado durante a noite, não olhando para trás, porque era importante manter o ritmo. Carros esparsos na rua. Gente quase nenhuma para além dum vulto ou outro. A estrada só para mim. E lá fui queimando quilómetros e calorias numa agitação frenética como todas as madrugadas são para mim. Uma sensação de liberdade e rejuvenescimento. Ao fim dos muitos quilómetros que faço, o cansaço começa a dar aquela sensação de que nos quer dizer 'basta'. Mas ainda estava longe e, tal como César juntos aos rochedos brancos de Dover, não podia fazer nada senão continuar. E fi-lo com gosto e determinação. Costuma dizer-se que 'quem corre por gosto não cansa' e é isso que aqui se aplica na sua verdadeira aceção. A chuva entretanto já tinha parado e nem tinha dado por isso, tal era a determinação que me preenchia. As pessoas começaram a aparecer na rua. Cabisbaixas enroladas nas suas vestes. Os carros começaram a preencher as ruas com mais intensidade. Eles também um pouco arrastado como se de sono profundo tivessem sido arrancados. Como sempre me acontece, tenho dificuldade em ver isso porque para mim o dia já ia longo e os muitos quilómetros percorridos já me tinham ajustado à realidade deste dia como um bálsamo. E assim se iniciou o meu dia, igual a tantos outros, com esta determinação de que este é aquele dia que fará a diferença. Não sei se vai ser assim ou não, mas todos os que percorro me deixam essa sensação de um dia novo, um recomeço, uma nova experiência naquilo a que chamamos vida.
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