De novo volto a π (Pi)
De novo volto ao tema de π (Pi). Em tempos já o tinha feito em torno da designação pela qual a minha afilhada Inês me tratava. Chamava-me Pi na sua linguagem ainda em busca de vocabulário. Mais tarde, evoluiu para uma forma mais sonora a de Pim. Mas agora, tal como nessa altura, buscando esta feliz coincidência, pretendo centrar-me em torno do valor matemático π (Pi). (A beleza da matemática é esta ser uma ciência que, durante muito tempo, foi considerada hermética. Pela sua evolução muita gente matou e morreu em busca do equilíbrio perfeito. O caso de π (Pi) não foi exceção). Quem gosta e/ou utiliza a matemática na sua vida profissional ou académica conhece este símbolo π (Pi). Ao longo do tempo, este símbolo sempre esteve ligado duma forma ou de outra, ao conhecimento puro sejam quais fossem as civilizações a que aparecia associado. π (Pi) é conhecido na matemática por constante circular, pois estabelece a relação entre o perímetro e o diâmetro de uma circunferência. Trata-se aparentemente de uma coisa simples, mas o valor de π (Pi) é muito estranho - 3,141592653589... (dízima infinita) - porque não nos remete para um número inteiro, como 1, 2, 3, nem para frações de números inteiros, como 1/2, 1/3, 2/3 e assim por diante, os chamados números racionais. É preciso dizer que a escola de Pitágoras atribuía enorme valor aos números racionais, pois acreditava que desempenhavam um papel fundamental no cosmos. Só que π (Pi) não é nada disso. É um número irracional cujas casas decimais se prolongam infinitamente sem repetições ou padrão. E ao se descobrir da importância dum número assim na estruturação da realidade acabou por deixar os gregos antigos chocados. Todas as civilizações terrestres, quando começaram a aprofundar os estudos matemáticos, aperceberam-se desde logo da importância de π (Pi), daí o terem tentado desde cedo calcular o seu valor. Isto aconteceu há quatro mil anos no Egito e na Babilónia, depois na Grécia, na China, na Índia e por aí fora. A ideia de ser uma constante circular conduz-nos à ideia de círculo e este não tem princípio nem fim pelo que se tornou um símbolo de integridade, eternidade, homogeneidade e perfeição. O círculo é a ausência de divisões ou de distinções, é o símbolo da unidade, a ideia de que todos ligados, somos todos um. A diferença é uma mera ilusão. Para os hindus e budistas, o círculo representa renascimento, uma eterna roda da vida e da morte, o tempo que acaba sem nunca acabar, atrás de uma coisa vem outra, em tudo há um ciclo, tudo muda e tudo é igual. O próprio símbolo de yin e yang estão dentro de um círculo. Mas ainda podemos acentuar a ideia dizendo que o círculo é historicamente um símbolo que a generalidade das culturas associa ao mais importante conceito de todos... Deus. (Até a Bíblia faz referência a isso em I Reis 7:23 refere-se a uma bacia de bronze construída no templo de Jerusalém com a relação de π (Pi)). E quando se fala de Deus, estamos a falar de Universo. Para os mais interessados nestas questões, diria que hoje π (Pi) está associado ao Big Bang, ou seja, ao início do cosmos enquanto tal. Está associado à matéria e ao tempo. E se utilizarmos a constante de Planck - que aqui não vou mostrar pela sua extensão e complexidade - veríamos que π (Pi) aparece na temperatura da massa do Universo, isto é, - e ainda segundo Planck -, aparece na mais pequena quantidade de energia possível. Um mundo de que ainda muito desconhecemos - apesar dos inúmeros e gigantescos avanços - que, duma certa forma, poderão conduzir ao próprio mistério da vida. Estes são os mistérios, mas também os desafios da matemática. Uma ciência muito bela que, cada vez mais, se vai formatando à essência de tudo o que nos rodeia sem que, por vezes, dela tenhamos a perceção.
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