A problemática do emprego
Temos vindo a assistir a recuos consideráveis no desemprego em Portugal. Mas se olharmos mais atentamente, verificamos que esse recuo tem que ser visto com algum cuidado. Com as novas leis que dão ao patronato uma maior flexibilidade no despedimento, vemos que o perfil de emprego se alterou substancialmente face ao que existia antes da crise. Começaram a recrutar-se pessoas na casa dos 40 anos, coisa que passado já não era tão fácil assim, visto estas juntarem a experiência a uma certa acomodação fruto da crise por que passaram. Quanto aos mais jovens, a diminuição do desemprego afigura-se mais lenta, mas mesmo assim, vai acontecendo. Só que um outro fator aparece no horizonte que é a precariedade. Hoje um jovem terá muitas dificuldades em assegurar o seu futuro porque está sempre dependente dum emprego que pode terminar a qualquer momento. A planificação da vida torna-se assim mais difícil. E um outro fator a juntar a este leva a uma degradação da qualidade do trabalho, a saber, o custo do fator trabalho. Dada a excessiva procura para uma oferta limitada, o fator salário tende a diminuir. Assim, é ver-se a quantidade de jovens, alguns até com formação superior, a ganharem 500 ou 600 euros que, dada a dificuldade de emprego que ainda existe para essa faixa etária, são acolhidos como uma benção. Isso leva a uma degradação do trabalho, sobretudo do jovem, que não dá nem satisfação, nem estabilidade a quem dele usufrui. É certo que há zonas onde tal é menos evidente. As novas tecnologias continuam a empregar quase todos, com ordenados dignos. É um dos poucos setores onde, quem é de facto bom, não tem dificuldades de empregabilidade. Alguns dos alertas de emprego que vou trazendo aqui, são bem o espelho disso. Bons ordenados, boas condições de trabalho, mas também, grau de exigência elevado. E assim terá que ser dada a performance pedida aos profissionais da área. Desde a CMVM, ao BdP, para além de outros setores públicos e privados, fazem grandes abordagens a jovens desta área. Porque são necessários e, se qualificados com alto nível, ficarão nos quadros dessas organizações. Quanto aos outros ainda há que palmilhar o caminho das pedras, pelo menos enquanto os empresários acharem que podem fazer crescer as suas empresas e a economia nacional à custa de baixos salários. Isso é um erro grave em que voltam a cair, depois de algumas más experiências em décadas transatas. Assim, nem fidelizam os funcionários, nem criam laços com eles que os levem a assumir a empresa como sua e assim potenciar a produtividade. É uma atitude errada que ainda trará grandes custos à nossa economia como aconteceu no século passado. O tempo se encarregará, assim espero, de abrir estas mentes endurecidas. No restante, a trajetória está a ser boa mas, sobretudo a variável precariedade, deveria ser olhado com mais atenção e, com certeza, que o está a ser. Vamos a ver como no futuro evoluiremos a este nível.
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