45 anos de Abril
Celebra-se hoje o 45º aniversário do 25 de abril de 1974. Muito tempo já passou com avanços e recuos, com coisas mais positivas e outras não tanto assim. Foi abril que permitiu um Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito para todos; a democratização do ensino que levou a que cada vez mais pessoas tivessem acesso ao ensino superior, coisa que não acontecia antes; a tão importante liberdade de expressão tão cerceada no antigo regime; mas sobretudo, o criar condições para a adesão à União Europeia (UE) - que então de chamava Comunidade Económica Europeia (CEE) - que representou o regresso à Europa a que pertencemos mas da qual estávamos banidos em função do regime autoritário que então vigorava em Portugal. (Já para não falar da guerra colonial já desfasada num tempo outro em que os colonialismos já tinham desaparecido à muito). E pese embora as muitas críticas que alguns quadrantes políticos fazem à UE, ela teve um papel enorme no desenvolvimento do nosso país, que em 1974 não passava duma espécie de aldeia. Sem estradas dignas desse nome, sem comunicações eficazes, com uma guerra colonial que sorvia todos os recursos, Portugal estava à margem das decisões dos fóruns internacionais nos quais não tinha assento nem voz. Um dos primeiros impactos da adesão foi o rasgar o país de norte a sul com grandes vias de comunicação (das melhores da Europa, excessão feita à Holanda) que trouxeram uma nova dinâmica ao país. Dirão que tal se prendeu com a necessidade da UE poder escoar melhor os seus produtos pelos portos portugueses. É verdade que assim foi, mas também - e isso é inegável - trouxe um desenvolvimento que nos colocou no mapa donde estávamos arredados. A dinâmica do país passou a ser outra e a respeitabilidade da nação face ao exterior passou a ser evidente. Sei que algumas coisas não correram tão bem assim, mas nas nações, - sejam lá quais forem -, nem tudo é exemplar e isso também cria dinâmicas próprias e fatores de correção importantes nos países. É assim em Portugal como o é em qualquer outra nação. Com certeza que detratores sempre existem, afinal sempre assim foi ao longo do tempo - vejam o 'Velho do Restelo' de que nos falava Camões lá do longínquo século XVI - para ver que essa é a essência da insatisfação humana, e que também é, por si só, um fator de dinâmica da própria nação. Ao fim de todo este tempo, o balanço não pode deixar de ser positivo, e só o não será para alguns, mais fruto da ignorância do que se passava antes de 1974 ou por outro tipo de interesses por vezes bem difíceis de aceitar nos nossos dias. E assim se vai fazendo abril, aquele que representou o anseio de liberdade da minha geração que a via no exterior e que era sonegada internamente, mas também daqueles que hoje podem usufruir dos seus benefícios mesmos sendo críticos do regime atual. Viva o 25 de Abril!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home