Turma Formadores Certform 66

Friday, May 03, 2019

A crise corporativa que abala um país

Assistimos ontem a algo inimaginável, a formação duma coligação negativa contra o governo. Não é algo que me surpreenda tanto assim. O que acho estranho é que partidos que se dizem 'responsáveis' - e todos o dizem ser - ponham em causa a estabilidade financeira duma nação. Se a direita em nada me surpreende, porque simplesmente não têm nenhum projeto para apresentar ao país e agarra-se a tudo o que aparece na tentativa de enganar os portugueses; já a esquerda que até agora suportou o governo me deixa mais confuso. Sou dos que não acham estes partidos fiáveis para se ter uma negociação, mas passados quatro anos até me ia habituando à ideia de que estava enganado. Afinal não estava. Esta gente é duma irresponsabilidade total. Todos sabemos que o país não tem capacidade financeira para isso, porque (como já hoje fomos vendo) não são só os professores, mas outras corporações que pretendem aproveitar a onda. Abriu-se a temida caixa de Pandora e agora não sabemos o que daí virá. É certo que estes partidos não querem o país equilibrado segundo os critérios de Bruxelas, - um 'exit' qualquer seria ouro sobre azul para esta gente - que não é capaz de ver para além do seu umbigo. Se não fosse a União Europeia (UE) o nosso país estaria muito atrasado e só quem não conheceu o país na altura da adesão e da evolução que teve desde aí pode negar isto. Estes grupos políticos desde sempre vêm reivindicando o não posicionamento de Portugal face à UE: um porque vive agarrado a um passado que não percebeu que já acabou à muito; outro pelo fulgor da juventude irreverente (irresponsável) que gosta de por tudo em causa sem ter algo para apresentar para substituir para melhor a situação. Um país não pode ficar refém duma corporação, seja ela qual for, por mais legítimas que sejam as suas ambições. Porque um bem coletivo não pode ser minorado por um bem dum qualquer grupo. Hoje, e depois de alguns comentários que circulam no media, já vemos alguns partidos a virem a terreiro tentar corrigir o que ontem disseram com aquelas justificações - a tentar esclarecer o que ontem disseram - que ainda os amarram mais à triste situação em que se colocaram. (Vejam as afirmações, por exemplo, do Dr. António Lobo Xavier, um membro muito respeitado do CDS, sobre a posição que o seu partido tomou ontem). Sei que têm havido reuniões com o governo e o PS e que mais tarde haverá com o Sr. Presidente da República. Não sei o que daí virá, mas se fosse primeiro ministro, apresentava a demissão e deixava a responsabilidade a quem ontem foi tão irresponsável. Situações destas não podem ser toleradas. Afinal o governo perdeu a sua base de apoio, ficou sem apoio político, logo sem condições de continuar a exercer o poder. Como já muitas vezes aqui disse, não sou um defensor de Costa, bem pelo contrário, mas se ele tomar esta posição até sou capaz de o aplaudir de pé. 

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