Em torno do livro de Freddy Silva
Ontem trouxe-vos um excelente livro de História que nos fala da relação dos Templários com a formação de Portugal. Chama-se esse livro "Portugal: A Primeira Nação Templária" e é da autoria de Freddy Silva. Como então afirmei, existem muitos livros sobre a Ordem do Templo, mas este é um dos primeiros a atribuir a constituição de Portugal a um desígnio dos Templários. Mas sobre o livro não vou voltar aqui a falar, mas interessa-me uma outra questão que tenho trazido amiúde neste espaço, a saber, a da relação e importância das Ordens Secretas na formação das nações, especialmente da nossa. Porque muita coisa tenho visto escrita como apologia duma certa direita radical que, ou é ignorante, ou está a tentar enganar os incautos, quando falam dos Templários como a ordem radical e extremista associado a uma geometria política que nem sequer existia na altura. É bom lembrar que a Ordem do Templo era uma associação que fazia do secretismo o seu bem maior - coisa que ainda hoje nos fascina - mas também é importante conhecer a evolução até baseada em alguns ritos que são conhecido de associações (também elas secretas) dos nossos dias. Não há dúvidas que a Ordem do Templo após as perseguições de que foi alvo mudou de nome e integrou-se na nossa sociedade. É o caso da Ordem de Cristo que não é mais do que a do Templo camuflada face ao rigor dos tempos de então para a qual D. Dinis tanto contribuiu. Mas sabemos também que após as perseguições de que foi alvo, a Ordem dos Templários seguiu rumos diversos. Um foi o instalar-se nesta parte mais ocidental da Europa, que é hoje Portugal, - onde viveu algum tempo com o seu nome tradicional e que as pressões papais levaram a mudar de nome - e a outra que foi desaguar na Escócia - onde se viria a transformar na Maçonaria de Rito Escocês. E aqui é que está a questão. Quando muita gente diz que é preciso acabar com a influencia maçónica em Portugal, talvez se esteja a cometer um daqueles erros de apreciação que, por ignorância ou má fé, põe em causa o desenrolar da História. Que a Maçonaria está associada à Ordem do Templo é um facto, e quando alguns pugnam por os tentar eliminar, afinal não estão a fazer mais do que por em causa os verdadeiros fundadores da nacionalidade. Parece confuso mas não, inconveniente para alguns certamente. As nações - sejam elas quais forem - sempre se pautaram por caminhos nem sempre lineares e nem sempre públicos. Portugal não é exceção e a investigação de Freddy Silva - que aconselho que leiam - trás à colação temas que podem ser perturbadores para alguns, mas seguramente interessantes para o cabal esclarecimento da verdade. Estas confusões históricas acontecem em muito lado quando se tenta explicar o presente com um passado que na maioria das vezes não tem nada a ver. Um dos exemplos mais flagrantes é o que acontece em França, como uma certa direita mais radical a invocar o nome de Joana d'Arc, quando é sabido que ela era pouco mais do que uma criança quando assumiu as armas e nada tem a ver com geometrias políticas que simplesmente não existiam e, cúmulo dos cúmulos, a vieram a vitimar por um rei déspota, incompetente que nada se importava com o seu país. Lá como cá, as confusões - intencionais ou de má fé - podem dar jeito a alguns, mas logo que o véu se vai destapando e a verdade vai emergindo, não têm sustentabilidade para se manterem. E termino como ontem fiz, apelando a que leiam este extraordinário livro, muito bem fundamentado, um livro interessante quanto perturbador, mas que dá um forte contributo para que as coisas se tornem mais claras e evidentes.
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