4 meses depois
Já quatro meses se passaram e esta dor imensa que não se vai. O Nicolau tocou fundo no nosso coração. Talvez porque a vida dele começou como um engulho, abandonado com três semanas de vida, debaixo dum forte temporal. Terminou como sempre termina a vida, com dor e sofrimento. Aquela despedida do mundo e de quem o amou, que jamais esquecerei. As lágrimas vertidas ao aproximar-se a partida são disso exemplo pungente. Durante este intervalo, que foi o da sua existência, o Nicolau sempre foi um cão possante mas dócil, apesar do mau feito aqui e ali, capricho de ser o mais novo e mais mimado. Depois cresceu e ficou maior do que os outros. E mais forte. E percebeu que era ele que mandava. Simultaneamente, rebelde mas terno, com mau feitio mas dócil, o Nicolau sempre sentiu junto da sua família que ele também era um membro dessa família. Sentiu-se amado certamente, e mesmo no fim dos seus dias, tudo fizemos por ele. E ele percebeu e sentiu. Sentiu aquele amor e carinho que sempre o acompanhou no percurso. E já velho, consumido pelos anos, doente e debilitado, ainda foi a tempo de o confirmar. Quatro meses passaram mas a sua memória preenche os espaços. Estou certo que o fará para sempre porque um ser só morre quando é esquecido. E o Nicolau não o será, pelo menos enquanto andarmos por esta vida. Que estejas em paz, Nicolau!
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